"Esse resultado (preliminar a favor de Temer) no TSE já era esperado e é positivo para o governo. Mas lógico que não se encerra o processo", afirmou o líder do PR, José Rocha (PR), que comanda a quinta maior bancada da Câmara, com 39 deputados.
Ele se referia à decisão do pleno da corte, que por 4 votos a 3, decidiu retirar as delações da Odebrecht e dos marqueteiros do PT João Santana e Mônica Moura da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, o que é considerado uma projeção de um final contra a cassação do presidente.
"A crise não está totalmente resolvida. A cada dia podem surgir fatos novos. Todos estávamos na expectativa desse julgamento do TSE, agora da denúncia da PGR e continua a expectativa das delações, se o (doleiro Lúcio) Funaro vai delatar, se (o ex-assessor de Temer e suplente de deputado, Rodrigo) Loures, vai relatar", acrescentou Rocha. Apontado como operador de propinas do ex-deputado preso Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Funaro já deu sinais de que deve fazer colaboração premiada.
O líder do PSD na Câmara, Marcos Montes (MG), avalia que uma absolvição de Temer pelo TSE construirá sobre ele uma "força relativa" de sustentação que pode mantê-lo no governo. "Ele vai ficar na corda bamba, mas vai se equilibrar" afirmou.
O deputado mineiro prevê, no entanto, que dois fatos podem "afinar" a corda: o desembarque do PSDB do governo e possíveis delações "bombásticas". "São alternativas que deixariam ele bambeando numa corda bem fina", disse.
Efeito cascata
Os tucanos marcaram para próxima segunda-feira, 12, reunião geral para decidirem se desembarcam ou não.
A bancada do PRB, a nona maior bancada da Câmara, com 23 deputados, já marcou reunião para o mesmo dia para avaliar o cenário político após o TSE e a decisão do PSDB.
"Teremos reunião na segunda, 12, para tomar uma decisão de partido", disse o líder do PRV, Cleber Verde (MA). Segundo ele, hoje, a posição do partido é de se manter no governo. "Mas estamos aguardando o desfecho das situações. Não posso antecipar nenhuma decisão. Vamos nos posicionar na medida em que a Justiça tome suas decisões. Também estamos acompanhando o movimento dos demais partidos", acrescentou o parlamentar maranhense.
Denúncia
Mesmo antes de a PGR enviar a denúncia contra Temer, aliados do presidente na Câmara já articulam para barrá-la. Vice-líder do governo na Casa, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) diz que a estratégia é tentar votar a denúncia o mais rápido possível na Câmara. A avaliação é de que, se demorar muito tempo, o presidente ficará sangrando por mais tempo, o que dá margem para a oposição conseguir mais votos contra ele. Para que a denúncia seja aceita, são necessários votos de pelo menos 342 deputados.
"Tem que resolver em uma semana", afirmou Mansur. Pelo regimento da Câmara, após a chegada da denúncia, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deve enviá-la para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em até duas sessões.
No colegiado, será escolhido um relator. Temer terá 10 dias para apresentar defesa. A partir da apresentação, o relator deve apresentar seu parecer para voto em cinco sessões. Após ser votada no colegiado, a denúncia segue para o plenário.
Em entrevista na quinta-feira, 8, Maia evitou fazer uma previsão se eventual denúncia da PGR será aceita pela Casa.
(Igor Gadelha).