Imagens mostram primo de Aécio recebendo dinheiro de executivo da J&F

Em delação premiada, um dos sócios majoritários da holding J&F, Joesley Batista, dono da JBS, afirmou que o senador afastado Aécio Neves pediu propina de R$ 2 milhões

Estado de Minas

Na primeira imagem, Frederico Pacheco conta o dinheiro na mala entregue por Ricardo Saud - Foto: Reprodução/ TV Globo/ Polícia Federal
Imagens da Polícia Federal mostram o executivo da J&F, Ricardo Saud, entregando dinheiro a Frederico Pacheco, primo do senador afastado Aécio Neves, do PSDB.

A operação também flagrou Pacheco repassando notas de dinheiro para um ex-assessor do senador Zezé Perrela (PMDB), Mendherson Souza Lima, que foi exonerado após a divulgação da delação. Os dois homens flagrados nas imagens estão presos. As imagens foram divulgadas pela TV Globo.

Pacheco coloca um bolo de notas em uma bolsa, em outro momento - Foto: Reprodução/ TV Globo/ Polícia Federal
A defesa de Aécio Neves reafirmou que o dinheiro foi um empréstimo oferecido por Joesley Batista para forjar um crime que permitisse ao empresário conseguir a delação premiada. Ainda de acordo com o tucano, esse empréstimo não envolveu dinheiro público nem contrapartidas do senador afastado. E que, por isso, segundo a defesa, não se pode falar em propina ou corrupção.


Imagens
As imagens foram feitas pela Polícia Federal, em ação controlada autorizada pela Justiça, a pedido do Ministério Público Federal. A missão dos policiais era acompanhar a entrega de parte dos R$ 2 milhões acertados entre o empresário Joesley Batista, de acordo coma delação premiada, e o senador afastado Aécio Neves, do PSDB.

Investigadores flagram o encontro dos assessores de Aécio e Perrella - esse último guarda no bolso da jaqueta parte do dinheiro - Foto: Reprodução/ TV Globo/ Polícia Federal
Quem negociou a entrega do dinheiro foi o executivo da J&F Ricardo Saud.

Ficou combinado que seriam entregues quatro malas, com R$ 500 mil cada uma, a um primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, que já foi tesoureiro de campanha do senador.

A Polícia Federal acompanhou a viagem de Pacheco até Belo Horizonte - Foto: Reprodução/ TV Globo/ Polícia Federal
A PF não acompanhou a primeira entrega. Mas o segundo encontro sim. Foi no último dia 12 de abril. As câmeras mostram Fred entrando em uma sala na sede da empresa. Lá dentro, estava Ricardo Saud e uma das malas com R$ 500 mil. O executivo checa se a porta da sala está fechada. Frederico apanha uma bolsa que havia trazido. Só que o dinheiro estava em notas de R$ 50 reais, e não de R$ 100.

O diálogo

Leia parte do diálogo gravado pela Polícia Federal:
Frederico: Um, dois, três, quatro, cinco, seis...aqui tem dez pacotes.

Ricardo: Quanto?

Frederico: 25.

Ricardo: Quanto é cada um?

Frederico: Um, dois, três, quatro, cinco. Aí é R$ 5 mil. Cinquenta, cem, cento e cinquenta, duzentos, duzentos e cinquenta, trezentos, trezentos e cinquenta, quatrocentos, quatrocentos e cinquenta, quinhentos.

Sem comentários
Os advogados de Frederico Pacheco e de Mendherson Souza Lima disseram que só vão se manifestar na Justiça.

Perrella
A assessoria do senador Zezé Perrella, do PMDB, declarou que a análise dos extratos bancários comprova que nenhum real depositado em contas do senador é proveniente do montante que Menderson Souza Lima recebeu. A JBS declarou que segue colaborando com a Justiça.

Janot

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reiterou nessa sexta-feira pedido de prisão preventiva de Aécio Neves ao Supremo Tribunal Federal.  O ministo edson Fachin já negou um pedido feito por Janot com a mesma finalidade.

A defesa do senador afastado disse que refuta integralmente a denúncia e que tem convicção de que vai demonstrar a absoluta correção das condutas de Aécio Neves. Rodrigo Janot também se manifestou pela manutenção das prisões da irmã de Aécio, Andrea Neves, de Frederico Pacheco, e de Mendherson Souza Lima.

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