Pouco mais de cinco meses depois de tomarem posse na Câmara Municipal, vereadores de Belo Horizonte já estão de olho nas eleições do ano que vem. As negociações para a disputa aos cargos de deputado federal e estadual estão a todo vapor. Pelo menos um quarto dos 41 parlamentares admite candidatura, entre eles novatos que acabam de assumir o mandato. Um dos veteranos que almeja cargos mais altos é o vereador Wellington Magalhães (PMN) – ex-presidente da Câmara, ele estava afastado por causa de investigação sobre fraude em licitações na Casa Legislativa.
Di Gregorio cita os exemplos dos deputados federais Luis Tibé (PTdoB) e Marcelo Álvaro Antônio (PR), eleitos para a Câmara dos Deputados dois anos depois de assumirem a cadeira de vereador. Também novata na Câmara Municipal, a vereadora Nely (PMN) vai concorrer a uma vaga na Assembleia. “Existe a necessidade de maior participação da mulher na política. Precisamos ocupar mais espaços”, afirma. A ironia é que, se sair da Câmara, quem ocupará a vaga de Nely será um homem. Atualmente, a Casa Legislativa conta com quatro vereadoras.
Com seis meses de mandato, o estreante Catatau da Itatiaia (PSDC) não tem dúvida de que é hora de apostar num cargo mais alto. O parlamentar vai se candidatar a deputado federal. “Meu nome é muito forte. Chegou a hora do novo. O resto lá é só ‘porqueira’”, diz. Outro novato que cogita migrar de Casa Legislativa é o vereador Fernando Borja (PTdoB), que estuda sua candidatura a deputado estadual.
Em seu primeiro mandato, o radialista Álvaro Damião (PSB) está sendo sondado pelo partido para concorrer nas eleições de 2018. O vereador ficou entre os 10 mais votados na Câmara, com mais de 10 mil votos. “Existe a possibilidade, mas tem que ser estudada pelo grupo que trabalha comigo. Eu não trabalho sozinho”, diz. Pesa contra a candidatura dele o fato de outros dois radialistas da Rádio Itatiaia, Mário Henrique Caixa (PV) e João Vítor Xavier (PSDB), já serem deputados estaduais.
VETERANOS Apesar do desgaste político que vem sofrendo desde o fim do ano passado, o vereador Wellington Magalhães (PTN), que chegou a ser afastado do cargo por causa de investigação que apura fraude em processo licitatório da Câmara, planeja voar alto na política. O ex-presidente da Câmara Municipal vai disputar as eleições de 2018, mas ainda não decidiu o cargo. “Vai ser deputado estadual ou federal”, diz. Ele e a irmã, Arlete Magalhães, deputada estadual pelo PV, ainda estão decidindo qual dos dois
O vereador Gilson Reis (PCdoB) vai disputar o cargo de deputado estadual. Nas eleições de 2014, ele já havia tentado uma cadeira na Assembleia Legislativa. Outros aventam a possibilidade, mas mantém a cautela. O vereador Reinaldo Gomes (PMDB), conhecido como Preto do Sacolão, está esperando o desenrolar da reforma política para se decidir. “Vou esperar setembro para ver se o distritão vai passar. Acho o distritão um retrocesso para a democracia”, afirma.
Confiante de que as turbulências em Brasília podem favorecer sua candidatura, o vereador Elvis Côrtes (PSD), em seu segundo mandato, almeja uma vaga na Câmara Federal “Tenho convicção que Brasília está precisando de gente nova”, ressalta.
No rastro dos antepassados
Eleito o vereador mais novo na história de Belo Horizonte, Doorgal Andrada (PSD), de 24 anos, assumiu sua cadeira na Câmara Municipal há cinco meses e já pensa nos próximos passos na política, que corre no sangue da família. Ele será candidato a deputado estadual nas eleições de 2018 e pretende ocupar na Assembleia Legislativa o lugar que hoje pertence ao tio, Lafayette Andrada (PSD). A família já está no poder ininterruptamente há quase 200 anos, desde os tempos do Brasil Império.
A tradição começou com José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), considerado o Patriarca da Independência e personagem decisivo para a ruptura com Portugal. De lá para cá, os Andrada estiveram presentes em 55 legislaturas, segundo Doorgal. Caçula entre os políticos, Doorgal é o único da oitava geração da família que entrou para a política. Até hoje, só homens do clã entraram para a vida pública. “Não conto com o mérito dos antepassados, não. Meu gosto pela política veio mais com o curso de direito”, afirma o vereador, que ainda está concluindo a graduação.
Sobre a candidatura a deputado estadual, ele não considera uma decisão precoce. “Me sinto preparado para assumir uma representação em âmbito estadual”, afirma. Mas ele confessa que só se sentiu à vontade para encarar novo pleito porque o tio Lafayette vai disputar a Câmara dos Deputados. Isso porque o deputado federal Bonifácio de Andrada (PSDB), avô de Doorgal e pai de Lafayette, que está na Câmara desde 1979, concorrerá ao Senado. Os Andrada também ocupam ou ocuparam posições de destaque no Executivo, Judiciário e Ministério Público. O vice-procurador geral da República, José Bonifácio Borges de Andrada é tio do vereador. Doorgal é filho do desembargador Doorgal Gustavo Borges de Andrada, e sobrinho do ex-prefeito de Barbacena Antônio Carlos Andrada.