Brasília - Com obstrução dos governistas, começou nesta terça-feira, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara a reunião exclusiva para debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece eleições diretas.
De autoria do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), a PEC propõe eleições no caso de vacância da Presidência da República, exceto nos seis últimos meses do mandato.
Governistas desavisados que vinham marcar presença eram orientados por assessores a não registrá-la, o que levou a sessão a um atraso de 45 minutos por falta de quórum.
Deputados da base aliada menos alinhados com o Palácio do Planalto registraram presença, assim como os membros da "tropa de choque" do governo, que abriram a sessão em obstrução, com uma série de requerimentos para retardar o andamento dos trabalhos.
Com receio de não ter votos suficientes para barrar a PEC, os governistas não estão permitindo que os debates sobre o tema avancem. "O governo obstrui o debate assumidamente", reclamou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
A oposição veio munida de placas de protesto com os dizeres: "Vampiro teme a luz, corrupto teme diretas", "fujões apareçam para o debate" e "governistas fogem do debate!".
O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) acusou os governistas de não permitirem a participação popular numa eventual escolha do substituto de Michel Temer. Em um duro discurso, Molon destacou que o governo faz chantagem com o PSDB, usando a possibilidade de cassação do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para manter o aliado. "É um governo mentiroso e covarde, além de corrupto", afirmou.
Em nome da base governista, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), pregou a importância de se manter a governabilidade. "Nós precisamos voltar à normalidade da vida nacional", disse.
Desde que a crise política se agravou com a divulgação da delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBS, a oposição tenta votar a PEC na CCJ. Sob pressão dos oposicionistas, o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), cedeu e marcou a sessão exclusiva para hoje, contrariando os governistas.
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