Governistas impedem apreciação da PEC das Eleições Diretas na CCJ da Câmara

O receio dos aliados do Palácio do Planalto era não ter votos suficientes para barrar o texto, que prevê eleições em caso de vacância da Presidência da República nos últimos seis meses do mandato

Isabella Souto
No início da sessão os governistas já anunciaram a obstrução. O presidente Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) se comprometeu a retomar a discussão da PEC na semana que vem - Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados

Brasília – Em obstrução, a base governista impediu o avanço na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara da discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece eleições diretas no país.

Com receio de não ter votos suficientes para barrar a PEC, a base aliada veio munida de uma série de requerimentos e não houve tempo para o debate de mérito na manhã desta terça-feira.

De autoria do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), a PEC propõe eleições no caso de vacância da Presidência da República, exceto nos seis últimos meses do mandato.

Desde que a crise política se agravou com a divulgação da delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBS, em meados de maio, a oposição tenta votar a PEC na CCJ.

Sob pressão dos oposicionistas, o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), cedeu e marcou a sessão exclusiva para esta terça-feira, contrariando os governistas.

A sessão começou por volta das 10h45 e os governistas já anunciaram o "kit obstrução". "Obstrução sim para o Brasil continuar crescendo em paz", alegou o vice-líder do governo, Darcísio Perondi (PMDB-RS). Perondi acusou a oposição de querer "colocar fogo no País" e impedir a retomada do crescimento econômico. "Eleição direta agora é querosene puro", completou.

Os governistas conseguiram manter as duas horas de sessão apenas na discussão de um requerimento de inversão de pauta, mas não houve quórum para a conclusão da votação.

O comportamento da base aliada irritou os oposicionistas.
"A posição da oposição fica muito clara em não querer debater", reclamou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

Ciente de que enfrentaria uma forte obstrução, a oposição veio munida de placas de protesto com os dizeres: "Vampiro teme a luz, corrupto teme diretas", "fujões apareçam para o debate" e "governistas fogem do debate!".

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) disse que a única forma de pacificação do país é devolver ao eleitor o direito de escolher o substituto de Michel Temer. "Vamos continuar insistindo nessa comissão para que essa PEC seja apreciada", avisou Molon.

O presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), se comprometeu a retomar a discussão da PEC na próxima semana. O peemedebista avisou que o tema será item único da sessão.
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