Cunha prestou depoimento de quase duas horas, na sede da PF em Curitiba, no inquérito que investiga o presidente Michel Temer por corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.
A possibilidade de uma delação apavora o Planalto e a cúpula do PMDB.
Cunha teria recebido propinas do Grupo J&F em troca de se manter calado nas investigações da Operação Lava Jato. O assunto foi um dos assunto levados ao Temer, por Joesley Batista, em conversa gravada no porão do Palácio do Jaburu, no dia 7 de março.
Negativa
Cunha negou genericamente envolvimento com propinas e a venda de seu silêncio. Declarou que gostaria de falar após acesso aos autos, tema de um pedido feito ontem pela defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"Meu silêncio não está à venda", disse Cunha, segundo o advogado Rodrigo Sanchez Rios, que acompanhou o depoimento, tomado pelo delegado Maurício Moscardi Grillo.
De acordo com Rios, Cunha negou "categoricamente" todas acusações de pagamento de propina feitas pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS.
Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), Joesley disse que pagava uma mesada a Cunha e ao operador Lucio Funaro em troca do silêncio dos dois. Disse ainda que Temer sabia da mesada.
Em gravação anexada ao inquérito, Joesley diz ao presidente que "eu tô bem com o Eduardo", ao que Temer responde "tem que manter isso, viu".
"O deputado ressaltou que nunca procuraram ele. Nem o presidente Temer nem interlocutores do presidente. Ele negou categoricamente.
As perguntas feitas foram enviadas pela equipe da PF da Lava Jato em Brasília. Foram 47 perguntas, lidas para Cunha, mesmo sem respostas efetivas para a maior parte dos assuntos.
O ex-deputado, preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, retornou no início da tarde para o presídio.
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