Belo Horizonte tem ato pelas "Diretas Já" nesta sexta

Grupo que pede a saída de Temer e nova eleição presidencial marcha pelas ruas da capital em direção à Praça da Estação

Juliana Cipriani Landercy Hemerson


Milhares de manifestantes se reuniram na noite desta sexta-feira para o ato das Diretas Já em Belo Horizonte.
A multidão pediu a saída do presidente Michel Temer (PMDB) da Presidência da República e eleições diretas para substituí-lo. Depois de percorrer vias importantes da região central da cidade, o grupo seguiu para a Praça da  Estação, onde foi realizado um showmício, nos moldes dos que já ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre. Segundo os organizadores, o movimento contou com cerca de 40 mil pessoas nas ruas. A Polícia Militar  não divulgou balanço oficial.

Ciro Gomes posa para foto com manifestantes durante ato pelas diretas em BH - Foto: Juliana Cipriani - EM DA Press
Por volta de 20h, figuras do meio político e artístico se uniram ao protesto. O presidenciável Ciro Gomes (PDT) participou do ato no Centro da capital e reforçou o coro pela saída do presidente da República. "A probabilidade de esses camaradas ficarem aí e executarem essa cena macabra contra o Brasil é muito grande.
A única chance de a gente mudar esse quadro é o povo brasileiro –  apesar de todas as decepções, de toda a descrença, apesar do medo que está sofrendo – ir para a rua. Se isso acontecer, qualquer milagre a democracia produz", disse em entrevista a jornalistas.

Questionado se será candidato à presidência em 2018, Ciro Gomes declarou que essa é uma decisão a ser tomada pelo partido, mas disse que "o Brasil precisa de um projeto". "Se for minha a tarefa de liderar este grande país no começo deste projeto, eu vou ter muita honra. Mas não é essencial a minha candidatura", disse. 

O ex-ministro José Eduardo Cardozo,  que fez a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff durante o processo de impeachment,  também subiu no palanque. Cardozo defendeu que as eleições diretas são a única saída para a crise política e institucional do país. "Democracia é o detergente que pode limpar essa sujeirada", afirmou. Segundo ele, a ex-presidente Dilma está acompanhando e apoiando a campanha pelas diretas.


Entre os representantes do meio artístico, estava a cantora Fernanda Takai, vocalista da banda mineira Pato Fu, que também falou com os manifestantes e declarou seu apoio às eleições diretas. "Estou muito feliz de estar aqui com o povo participando. Aqui não é fora Temer, é fora trem", disse. O cantor Chico Amaral chamou a população a se somar ao ato pelas  diretas. "É importante que não só os músicos mas a sociedade inteira participe.  Temos que aprofundar a democracia e não retroceder", disse.

Já o músico Juarez Moreira afirmou que o presidente Temer não conseguiu fazer o que se propôs com o impeachment da presidente Dilma.  "(A eleição direta) é a única solução possível, porque  um Congresso com todos acusados não tem credencial para fazer eleição", argumentou. Érika  Machado, Titane, Sérgio Pererê e  Afonsinho também estão entre os nomes que marcaram presença. 
 
O ato teve ainda a participação da cantora Aline Calixto e de Maurício Tizumba, que fizeram apresentações musicais no fim da noite.
O protesto chegou ao fim pouco antes das 23h, quando os equipamentos de som foram desligados e os manifestantes deixaram a praça.


 
Mais cedo, o deputado federal Reginaldo Lopes e a estadual  Marília Campos, e o líder do PT na Assembleia,  deputado André Quintão, participaram da concentração. Quintão diz que "nesse grave momento da política nacional,  a história convoca todos a lutar,  independente de partido,  em defesa da democracia com diretas já é pela preservação de direitos sociais conquistados".


                
O  ato das Diretas Já em Belo Horizonte se juntou ao 55º Congresso da  União Nacional dos Estudantes (UNE). Além da entidade, participam   centrais sindicais, políticos e artistas mineiros.  
                    
A manifestação começou com atraso em Belo Horizonte porque o congresso da Une também era realizado na UFMG.

Entre  os que chegaram primeiro estava um grupo de padres do santuário São  Judas Tadeu. "Nosso compromisso com a oração e fé  exige de nós um engajamento social.  Estamos aqui reunidos por uma mudança no sistema que começa pela saída deste presidente", disse o padre Marcus Aurélio Mareano. O padre Aureo Nogueira de Freitas,  reitor do Santuário acrescentou que é  preciso estar no meio do povo e com o povo.  "A igreja precisa ser mais profética nesta situação  tão dolorosa em que o Brasil  se encontra. O Brasil coloca em risco suas instituições democráticas com situações espúrias", acrescenta. Outro padre do grupo,  Marco Antônio,  lembrou que a CNBB pediu orações  pelo Brasil e chamou o povo a fazer mais que isso.  "tem que ter ação concreta", pediu.

     

Representantes da juventude e movimento negro também ocuparam o carro de som e puxaram gritos de"Salve Lula,  salve o grafite,  fora Temer",  gritaram do carro de som.
 

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