Grana, que saiu vitorioso na disputa municipal, recebeu doação legal de R$ 500 mil, enquanto Bonome, nome derrotado na eleição de 2012, recebeu R$ 400 mil via caixa 2, segundo Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental.
A Odebrecht venceu o edital de licitação para gerenciar o sistema de água e esgoto da cidade em março de 2016. "Foi feito estudo, audiência pública, foi realizada a licitação em 2015. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) suspendeu o edital como é de costume em São Paulo. O município acatou as recomendações e republicou o edital em 13 de janeiro de 2016. A companhia entregou a proposta em 1.º de março de 2016. Saímos vencedores", disse Reis.
O ex-diretor regional da empresa em São Paulo Guilherme Paschoal reiterou a versão de Reis em seu depoimento. "A intenção era fomentar e estimular a privatização e queríamos fazer o projeto em Santo André.
Os valores de Bonome teriam sido acertados diretamente com o candidato. Os encontros eram realizados em uma cafeteria perto da sede da Odebrecht na capital paulista. "Marcava a hora, e entregava pessoalmente a ele as informações. Eu sabia que ele não seria eleito, mas tinha uma influência no ABC que poderia fomentar o projeto", disse Paschoal.
Mesmo perdedor na eleição, Bonome procurou o delator para pedir R$ 150 mil, em 2014, segundo Paschoal. "Por ser uma personalidade do PMDB, talvez, pudesse ajudar na base dele a não criar nenhum óbice (à empreiteira em Santo André)."
Caixa 2
Somente no Estado de São Paulo, executivos da companhia de saneamento e tratamento de água do grupo dizem ter pago R$ 9,1 milhões em caixa 2, para financiar eleições municipais. Eles identificaram 23 candidatos cujas campanhas foram contaminadas. Reis chamou a prática de vacina "antiachaque". Atualmente, há 13 petições da Procuradoria-Geral da República para investigar a empresa nos municípios paulistas no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região.
Procurado, Grana não atendeu à reportagem. A defesa de Bonome não foi localizada. .