"Acho que é interessante ver como os julgadores (os ministros da Primeira Turma do STF) vão se comportar, até para eu me embasar melhor e ver o que foi provado com referência às escutas, porque o senador Aécio alega que houve uma armação contra ele", disse.
João Alberto questionou a veracidade dos áudios e destacou que não está suscetível à opinião pública. "Não tenho mais idade para aceitar pressão. Se eu ficasse ouvindo 'beba Coca-Cola', 'beba Coca-Cola', já estaria com a barriga cheia", ironizou. Ele disse que ainda não leu o processo contra Aécio, apresentado pela Rede e pelo PSOL em maio, mas defendeu que a saída para o caso deve ser "consensual".
Caso o STF decida pela prisão preventiva de Aécio, João Alberto disse que a sua decisão será de acordo com posicionamento do plenário do Senado, que precisa referendar a decisão da Primeira Turma da Corte. "Eu quero aguardar os fatos, não quero fazer projeções, mas, se houver alguma coisa pior para o Aécio (prisão), a Casa será chamada dentro de 24 horas para se pronunciar."
O presidente do Conselho de Ética lembrou que votou contra a prisão do senador cassado Delcídio Amaral no ano passado, por não acreditar na tese do flagrante continuado, mas disse que mudou imediatamente de entendimento após a maioria do plenário do Senado votar a favor da prisão preventiva, o que também pondera que poderia ocorrer neste caso.
João Alberto tem até cinco dias para decidir se aceita ou não a denúncia contra Aécio, mas já adiantou que não deve utilizar todo o prazo. Hoje, o presidente do Conselho vai comunicar o tucano formalmente sobre a representação e pedir que ele apresente uma defesa prévia sobre as acusações que pesam contra ele por escrito até amanhã.
Defesa
Em nota divulgada na semana passada, a defesa do senador Aécio Neves reafirma "que o dinheiro foi um empréstimo oferecido por Joesley Batista com o objetivo de forjar um crime que lhe permitisse obter o benefício da impunidade penal. O empréstimo não envolveu dinheiro público e nenhuma contrapartida por parte do senador, não se podendo, portanto, falar em propina ou corrupção.
(Julia Lindner).