A Polícia Federal tornou público nesta terça-feira a preliminar do relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que afirma que há “evidências” que o presidente Michel Temer (PMDB) praticou corrupção “com vigor”. Os atos teriam sido cometidos por temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures.
O relatório integra o inquérito que apura se Temer e Loures praticaram obstrução da Justiça, além de organização criminosa e corrupção passiva.
Para sustentar a afirmação, a PF afirma no relatório que os pagamentos de propina a Rocha Loures, feitos por Joesley Batista, tem Temer como beneficiário indireto “em raz%u0103o de interferência ou de suposta interferência no andamento de processo administrativo em trâmite no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)".
Loures teriam recebido “minuciosas orientações” para tratar de questões de interesse da J&F. Em um dos episódio, o ex-assessor de Temer, ligou para o presidente do Cade, Gilvandro de Araújo, para pedir que atuasse em favor de uma empresa do grupo de Joesley. Na conversa, Loures disse que se tratava de “demanda remanescente de sua época de Planalto” e que a “pendência” afetava a Presidência da República.
A conversa teria ocorrido na presença do empresário e ao encerrar a ligação, Loures afirmou que o presidente do Cade “entendeu o recado”. O episódio foi considerado “crucial” para esclarecer os fatos.
Em outra parte do relatório, a PF afirma que Joesley pediu a Loures que intercedesse sobre uma demanda de uma empresa do grupo junto ao Cade. Em reunião, Joesley teria oferecido propina de 5% sobre o valor do contrato da empresa, que poderia gerar lucro entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões por dia.
Depois do encontro, Ricardo Saud teria procurado o ex-assessor de Temer para combinar a propina. “Nesta primeira parte, Ricardo Saud, ratificando o que fizera Joesley Batista, ofertou valores semanais a Rodrigo Loures, decorrência da resoluç%u0103o da questão submetida ao Cade, explicando-Ihe detalhadamente como se dariam os repasses. Rodrigo Rocha Loures manteve-se atento às explicações, intervindo por vezes. Na folha com anotações manuscritas consta que a eventual variação do "PLD" é o que determina o montante a ser pago semanalmente como propina", descreve a PF.
Saud afirmou ainda que apesar de a negociação ter sido comanda por Loures, o real destinatório da propina era Temer.
Defesa de Temer
O advogado do presidente Michel Temer, Antonio Claudio Mariz, informou nesta terça-feira, 20, que a defesa entende ser desnecessário "qualquer pronunciamento neste momento" em relação ao relatório parcial enviado pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar da negativa, Mariz criticou a conduta da PF. "Não vamos responder, pois na verdade um relatório sobre investigações deveria ser apenas um relato das mesmas investigações e não uma peça acusatória. Autoridade policial não acusa, investiga", afirmou.
O Palácio do Planalto também tem evitado comentar o tema e ao ser questionado oficialmente sobre o andamento das ações da PF diz apenas que os advogados do presidente é que se pronunciam sobre o caso. (Com Agência Estado)