A análise foi feita a partir da apreensão de celular de Luiz Carlos Bezerra, preso na Operação Calicute, que investiga o suposto esquema de Cabral. Bezerra é apontado como o responsável pelo manejo de valores, além de realizar pagamentos, investimentos e acertos para a organização criminosa, diz a PF.
Procurado, o governador reafirmou nunca ter recebido recursos ilícitos e que continua à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos. Pezão já tinha sido citado em outro relatório da PF como suspeito de receber três pagamentos de R$ 140 mil e R$ 50 mil, num total de R$ 470 mil.
O delegado Antonio Carlos Beaubrun Junior diz no relatório ser certo que "por encontro fortuito de provas foi identificado como recebedor de valor o senhor Luiz Fernando Pezão, governador do Estado do Rio". Ele destaca ainda que, após parecer ministerial, Bretas poderá submeter os itens apreendidos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma vez que Pezão tem foro privilegiado.
A apreensão do celular de Bezerra ocorreu em 17 de novembro junto com outros itens, como revólveres e munições. Havia ainda um maço de papéis com elástico com anotação no primeiro deles: "Pezão CFPezao@gmail.com".
O relatório cita uma mensagem de celular de 30 de novembro de 2013 indicando o pagamento de R$ 50 mil. Nela, é dito: "Pezão galo na 2ª". A PF cita que no ditado popular galo significa 50.
O documento também informa que pelas mensagens é possível constatar uma "relação bastante próxima" entre Bezerra e Pezão. Em e-mails, Bezerra chama o governador de Pezzone. Ao elogiar atendimento em um posto do Detran, escreveu. "Digo isso como um contribuinte como todos e não como o amigo que tem oportunidade de estar próximo do Exmo. Gov. e beber umas 'geladas', o que, diga-se de passagem, tô sentindo falta", escreveu numa das mensagens.
Em delação premiada, o advogado Jonas Lopes Neto disse que o subsecretário de Comunicação do Rio, Marcelo Santos Amorim, contou a ele ter pago R$ 900 mil em despesas pessoais do governador Luiz Fernando Pezão com dinheiro de propina. Os valores foram pagos por empresas de alimentação que mantinham contrato com o Estado. Jonas Lopes é filho do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado Jonas Lopes de Carvalho, que também fez acordo de delação premiada. Pezão, à época, negou te recebido "valores ilícitos ou autorizado qualquer pessoa a receber em seu nome".
(Mariana Sallowicz).