A informação já havia sido revelada pelo empresário no seu acordo de colaboração premiada assinado com a Procuradoria-Geral da República. "Pedi a meu filho pra fazer contato com o Cunha. E o deputado disse que era isso mesmo, que tinha que pagar em 36 meses", informou Pernambuco sobre o contato com o ex-deputado após ser avisado por executivos da Odebrecht e da OAS sobre a necessidade do pagamento.
As três empresas foram responsáveis pelas obras do Porto Maravilha. A intervenção de reurbanização do porto do Rio de Janeiro foi executada dentro do pacote para as Olimpíadas de 2016. O projeto incluía a abertura de ruas, túneis e a construção de museus.
O depoimento de Pernambuco foi no âmbito da operação Sépsis, que investiga o pagamento de propina para liberação de aportes do FI-FGTS. À época, o delator Fabio Cleto, indicado por Cunha, era vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa e integrante do conselho do fundo.
Além dele, depuseram na tarde da sexta-feira, 23, seu filho, Ricardo Pernambuco Júnior, o presidente da OAS, Léo Pinheiro, e o ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht, Benedicto Júnior.
Além da Carioca, a Odebrecht também delatou o pagamento de propina relacionado à obra. Ouvido nesta sexta na 10.ª Vara Criminal do Distrito Federal, Benedicto Júnior também confirmou que Cunha solicitou o pagamento de 1,5% em propina sobre o valor do aporte do FI-FGTS.
Questionado pelo advogado de Cunha, Délio Lins e Silva, sobre as contas no exterior utilizadas para efetuar os pagamentos para Cunha, Pernambuco informou ao juiz Vallisney que após a Lava Jato se valeu da Lei de Repatriação para legalizar os valores.
Em abril do ano passado, quando a delação revelou planilhas da Carioca com valores supostamente pagos a Cunha, o deputado cassado afirmou que repudiava os fatos "que não têm prova alguma".
(Fabio Serapião).