A acusação formal contra Temer deve ser analisada por dois terços da Câmara de Deputados, num processo semelhante a um pedido de impeachment. No plenário, o governo precisará ter, no mínimo, 172 votos para barrar o processo. Caso a Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar Temer, as denúncias serão encaminhadas à Corte Suprema. Se o STF acatar a denúncia, ele deverá se afastar do cargo por 180 dias, período do julgamento.
O presidente é suspeito de autorizar a compra do silêncio do operador Lúcio Funaro e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ambos presos na Lava-Jato. Segundo Joesley, Temer teria indicado Loures, seu ex-assessor especial, como interlocutor do governo junto à JBS. Loures foi flagrado com mala de R$ 500 mil em propina, recebida de representante da JBS.
Hoje a avaliação é de que Temer teria força para barrar o processo, embora a oposição esteja determinada em aprovar a denúncia.
Sem compromissos oficiais, o presidente passou o fim de semana em São Paulo, onde tem se reunido com seu advogado, Antonio Mariz de Oliveira. Na sexta-feira, perícia da Polícia Federal concluiu que o áudio da conversa gravada por Joesley não foi editado nem adulterado, uma das principais linhas da defesa de Temer.
ELEIÇÃO Amanhã, Temer deverá também ficar sintonizado com a eleição pelos 1,3 mil procuradores da República da lista tríplice de candidatos a substituir Rodrigo Janot. Eles vão indicar três postulantes para conduzir as investigações da Lava-Jato. O presidente da República pode optar por outro nome, mas, tradicionalmente, a tendência é escolher entre os da lista tríplice e, em geral, o mais votado.
Em meio às turbulências da denúncia de Janot, novos protestos contra o governo Temer estão sendo convocados no país, para a próxima sexta-feira, dia 30.
Na quarta-feira, a reforma trabalhista será votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Até agora, o parecer do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), relator da reforma em duas comissões do Senado, foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos e rejeitado pela Comissão de Assuntos Sociais. O relatório é favorável à manutenção do texto da reforma trabalhista aprovado na Câmara. Mesmo com a última derrota, a palavra final sobre o tema é do plenário e a expectativa é de votar a proposta no plenário da Casa até a primeira semana de julho. (Com agências)
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