No dia seguinte da denúncia, Temer passa a manhã no Jaburu

O presidente Michel Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República, nessa segunda-feira (26), por corrupção passiva

Brasília - Em um comportamento diferente do habitual, o presidente Michel Temer, que costuma chegar cedo ao Palácio do Planalto, passou a manhã desta terça-feira, 27, em sua residência oficial, o Palácio do Jaburu, apesar de na agenda constar despachos internos a partir das 10 horas no Planalto.
No dia seguinte à apresentação da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Temer deve continuar as conversas com advogados, ministros e aliados para traçar a estratégia jurídica e política de sua defesa.

Segundo uma fonte, Temer está com o Secretário de Comunicação, Márcio Freitas, e pode definir alguma linha de resposta às denúncias. Há, inclusive, em estudo a possibilidade de notas ou pronunciamento. De acordo com outra fonte, o governo também estaria definindo se contratará pesquisas para verificar o impacto das denúncias no seu governo, que já enfrenta um alto índice de reprovação.

Ontem, após a apresentação da denúncia de Janot, Temer se reuniu com ministros e líderes aliados, em seu gabinete, no Planalto, para começar a discutir as estratégias para reação. Temer deixou o Planalto depois das 23 horas. Hoje pela manhã, entretanto, os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) despacharam normalmente no Planalto.

Temer está discutindo os próximos passos para reagir politicamente à denúncia, mas também está preocupado com a reação jurídica, que está sob o comando do seu advogado, Antônio Claudio Mariz, assim como o impacto desta denúncia na economia, que começava a dar sinais de recuperação. É possível, inclusive, que os dois se encontrem pessoalmente hoje, talvez em São Paulo, segundo um auxiliar.

Impacto


A primeira avaliação de aliados do presidente foi de que o fatiamento é "muito ruim" para o presidente porque prorrogará o processo e o seu consequente sangramento. A capacidade de mobilização da oposição contra o seu governo poderá ditar os rumos dos próximos passos.
O temor é que, caso haja mobilização popular contra Temer, a sua base termine de se esfacelar e, com o voto aberto, os deputados se sintam pressionados e acatem a denúncia de Janot, condenando o presidente.

O problema é que essa poderá ser apenas a primeira de uma série de três ou quatro denúncias contra Temer. Na verdade, a temperatura mais real só poderá ser tomada nos próximos dias, com o desenrolar dos fatos. O presidente quer que a resposta à denúncia seja dada pelo seu advogado, com viés jurídico. Mariz afirmou ontem que é ele, defensor do presidente Michel Temer, 'e não o Planalto', quem decide quantas sessões na Câmara serão necessárias para apresentar os argumentos da defesa perante os deputados.

Temer quer também que os parlamentares de sua base aliada saiam em sua defesa. A avaliação é de que muitos congressistas sabem que a sua punição poderá ser a abertura para uma condenação em massa de deputados e senadores. Um dos auxiliares de Temer lembrou que fragilizar o presidente é fortalecer Janot e isso significará deixar na chuva também os parlamentares.

Guerra


Na declarada guerra contra o procurador-geral, ontem interlocutores dispararam críticas à postura politizada de Janot. "Nem Maquiavel teria sido tão maquiavélico", resumiu um interlocutor direito do presidente. Janot foi classificado por um auxiliar como um "serial killer". Para outro interlocutor, as críticas a Janot têm procedência. "Acho que foi um grande equívoco, enfraquece a denúncia e mostra que está perseguindo", disse a fonte.

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