Durante cerimônia no Palácio do Planalto de segunda-feira,o presidente da República, Michel Temer (PMDB), voltou a cometer uma gafe ao dizer que conversou, na semana passada com “empresários soviéticos”.
Foi o segundo deslize do presidente em menos de uma semana sobre sua viagem à Rússia e mais um para a coleção de escorregadas que o peemedebista coleciona em pouco mais de um ano desde que assumiu a Presidência da República.
“Eu estive agora recentemente em Moscou, na Rússia, e depois na Noruega, e verifiquei extraordinário interesse dos empreendimentos soviéticos. O deputado Perondi lá esteve em nossa comitiva e pudemos verificar o interesse dos empresários soviéticos e noruegueses em nosso país”, afirmou Temer em seu discurso.
A gafe repetiu o erro que constou na agenda oficial da Presidência da República na semana passada, quando o Planalto informou que Temer partiria de “Brasília para a República Socialista Federativa Soviética da Rússia”, denominação usada durante o regime comunista e que deixou de ser usado desde 1991. O nome oficial do país hoje é Federação Russa. A assessoria da Presidência corrigiu o erro na agenda.
Gafes em série
Desde que assumiu a Presidência, em maio do ano passado, algumas gafes deTemer se tornaram polêmicas. No início do ano, ele classificou como“acidente pavoroso” os assassinatos dentro de presídios em Manaus que resultaram em mais de 60 mortes, várias delas com decapitações.
Sua fala sobre a participação feminina na economia brasileira também gerou forte reação. Em homenagem ao Dia da Mulher,o peemedebista afirmou que“ninguém é mais capaz de indicar os desajustes de preço no supermercado do que a mulher” e foi muito criticado e tachado de machista.
Confira outras gafes do presidente:
A volta da União Soviética – 26/6/2017
Ontem, em uma cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente se referiu aos empresários e empreendimentos da Rússia como “soviéticos”. “Estive agora em Moscou e verifiquei o interesse extraordinário dos empreendimentos soviéticos.
Foi a segunda gafe em relação à Rússia em menos de uma semana. Antes de embarcar, na semana passada, a presidência da República chamou o país, cujo nome oficial é Federação Russa, de República Socialista Federativa Soviética da Rússia. O nome foi trocado em 1991 – há 26 anos – durante a dissolução da União Soviética.
Rei escandinavo errado – 23/6/2017
Ao lado da primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, o presidente se confundiu e chamou o rei norueguês Harald V, de “rei da Suécia”, país escandinavo vizinho à Noruega. No mesmo pronunciamento, Temer já havia se enganado ao dizer que visitou o parlamento do país europeu. Em vez de citar o legislativo norueguês, ele disse que iria ao “parlamento brasileiro”.
“Tivemos ontem com os empresários e agora com vossa excelência, e com o parlamento brasileiro, e, um pouco mais adiante, com sua majestade, o rei da Suécia”, disse o presidente. O deslize aconteceu pouco depois de a primeira-ministra criticar as políticas ambientais brasileiras e comunicar a redução de verbas para programas de preservação da floresta amazônica.
“Os governos precisam ter marido, viu” – 29/4/2017
Em entrevista com o presidente no SBT, o apresentador Ratinho fez uma analogia com o orçamento familiar para perguntar sobre a crise fiscal nas diferentes esferas de governo. “Uma dona de casa não pode gastar mais que R$ 5 mil se o marido dela ganha R$ 5 mil. Porque o governo gasta mais do que arrecada sempre?”, questionou Ratinho. “Acho que os governos agora precisam passar a ter marido, viu, porque daí não vai quebrar”, respondeu Temer.
A fala do presidente gerou reclamações nas redes sociais e várias representantes de movimentos feministas consideraram seu posicionamento machista. Um dia depois da entrevista a ex-presidente Dilma Rousseff atacou seu sucessor: “É estarrecedor que no século 21 um presidente tenha opiniões tacanhas, rebaixadas e subalternas sobre o papel da mulher”.
Toque feminino na economia – 8/3/2017
Em discurso de homenagem do Dia Internacional da Mulher o presidente demonstrou desconhecer o papel das mulheres na economia brasileira. Ao citar a importância das mulheres na economia, explicou que ninguém melhor do que elas para detectar flutuações de preços nos supermercados e afirmou ainda que, com a volta do crescimento econômico, as mulheres retornarão ao mercado de trabalho, além de cuidar dos “afazeres domésticos”.
“Na economia, também a mulher tem grande participação. Ninguém é mais capaz de indicar os desajustes de preço no supermercado do que a mulher”, afirmou Temer. Muito criticado, o Planalto negou que ele tenha sido preconceituoso e a secretária de Polícias para Mulheres, Fátima Pelaes, afirmou que ele falava sobre a realidade. “O presidente Michel é muito mais do que palavra, são fatos. Ele não quis dizer que a mulher tem esse papel, mas reconhece a importância da mulher em todas as áreas”, disse Fátima.
Confusão com moeda oficial – 9/1/2017
Em visita ao Rio Grande do Sul, o presidente se confundiu e citou o cruzeiro como se ainda fosse a moeda vigente no país.
O cruzeiro deixou de ser a moeda brasileira em 1993, durante o governo Itamar Franco, quando foi substituída pelo cruzeiro real e depois pelo real, em 1994. Na mesma visita, o presidente anunciou aos gaúchos a construção de presídios federais que já haviam sido anunciados pelo Planalto na semana anterior: “Queremos construir aqui um presídio federal de segurança máxima, E quero anunciar aqui pela primeira vez esse fato”.
“Acidente pavoroso” – 5/1/2017
Três dias depois das rebeliões que terminaram com a morte de mais de 60 presos em presídios de Manaus, o presidente se manifestou publicamente sobre a matança e classificou o episódio como “acidente pavoroso”. “Quero me solidarizar com as famílias que tiveram seus presos vitimados naquele acidente pavoroso que ocorreu no presídio de Manaus”, disse Temer.
O uso da palavra gerou críticas até mesmo de integrantes do conselho de segurança, que acusaram o presidente de minimizar o episódio. O Planalto usou as redes sociais para esclarecer a polêmica e justificar a escolha da palavra, afirmando que entre os sinônimos para “acidente” estão “tragédia, perda, desastre e fatalidade”.
Rei Artur ou Carlos Magno? – 12/9/2016
O presidente já havia deslizado no ano passado ao falar sobre reis. Em entrevista ao jornal “O Globo” ele se confundiu ao associar o imperador francês Carlos Magno à Távola Redonda, da lenda do Rei Artur. “Eu me sinto aqui como Carlos Magno. Quando eu tinha 11 anos, ganhei um livro chamado 'Carlos Magno e os 12 cavaleiros da Távola Redonda' e eu li aquele livro”, disse Temer se referindo às cadeiras em uma das salas do Palácio do Planalto.
Horas depois, sua assessoria informou que ele não se referia aos cavaleiros da Távola Redonda e sim aos 12 fiéis cavaleiros que eram conselheiros do imperador francês.
“Acabou sendo uma coisa útil” – 30/7/2016
Após visita ao governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão, que estava licenciado do cargo há três meses afastado para se tratar de um linfoma, Temer usou tom de brincadeira para dizer que o câncer do político pode ter sido “útil”. “Quero registrar a alegria de reencontrar o Pezão. Até dizia a ele que existem coisas que parecem maléficas que vêm para o bem. Vou tomar a liberdade de fazer um comentário pessoal: Pezão, você está até mais bonito. Acabou sendo uma coisa útil para o Pezão”, disse Temer.
O governador fluminense reassumiu o cargo cinco meses depois e manteve o tratamento contra os efeitos da quimioterapia.
“Denunciando o golpe” – 22/6/2016
Em entrevista para a Globo News, ainda durante a análise do afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, o presidente causou polêmica ao responder se não seria uma atitude “mesquinha” limitar o transporte aéreo da petista entre o Distrito Federal e o Rio Grande do Sul, onde ela tem residência. “Ela utiliza o avião, ou utilizaria, para fazer campanha denunciando o golpe”, afirmou Temer.
Opositores ao peemedebista usaram a fala de Temer para alegar que ele mesmo considerava que o processo de afastamento seria um “golpe” contra a presidente eleita. A polêmica ganhou as redes sociais e Temer comentou sua própria declaração para rebater as críticas: “Muitas vezes dizem que houve golpe. E golpe é ruptura em relação à Constituição. Aquilo que está havendo é obediência estrita ao texto constitucional”.
.