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Estado de Minas

Ministro do STF condena financiamento empresarial de campanhas eleitorais

"Quem faz isso (financia campanha)não está exercendo seu direito político, ou está sendo achacado ou está comprando favores futuros", afirmou.


postado em 29/06/2017 00:13 / atualizado em 29/06/2017 07:54

"Tem que fazer a vida política ser mais barata. O protagonista da democracia é o cidadão, não o dinheiro", defende o ministro do STF, Luís Roberto Barroso (foto: Fellipe Sampaio/STF/SCO )

Brasília - Em entrevista ao jornalista Roberto D'Ávila, exibida na noite desta quarta-feira (28) pela TV por assinatura Globonews, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso condenou o financiamento empresarial de campanhas eleitorais.

"O Supremo derrubou o modelo mafioso de financiamento eleitoral. Era possível tomar dinheiro emprestado do BNDES e financiar o candidato de sua escolha. Totalmente indefensável. A mesma empresa doava para os três candidatos, Dilma, Aécio e Marina, quem faz isso não está exercendo seu direito político, ou está sendo achacado ou está comprando favores futuros", afirmou.

"Agora volta-se a falar em financiamento empresarial. Desculpe dizer, mas essa gente só pensa em dinheiro. Essa gente precisa mudar o sistema. Tem que fazer a vida política ser mais barata. O protagonista da democracia é o cidadão, não o dinheiro", continuou.

Questionado sobre as divergências com seu colega Gilmar Mendes, também ministro do STF, com quem Barroso travou debate em algumas das últimas sessões, o ministro afirmou: "Temos relações cordiais. As pessoas tem diferentes visões do que seja o melhor para o Brasil, mas eu não coloco em questão as boas intenções nem a boa-fé de ninguém. As pessoas divergem em função de ideias. Numa sociedade aberta é perfeitamente possível pensar diferente".

Quando D'Ávila perguntou se o impeachment de Dilma Rousseff (PT) deixou sequelas, Barroso respondeu: "Ah, certamente, certamente. Acho que qualquer historiador, qualquer observador da cena brasileira constatará isso. O Supremo se dispôs a rever o rito, impôs o rito para que ele não fosse mudando ao longo do caminho. O Supremo não se dispôs a rever o mérito do impeachment porque a sociedade estava dividida politicamente e não é papel do Supremo fazer escolhas políticas. Mas, olhando pelo retrovisor, eu penso que se utilizou um instrumento parlamentarista para a destituição de um chefe de governo no modelo presidencial, e portanto houve um abalo institucional. Prometia-se em troca disso as reformas. Aparentemente nós ficamos só com o abalo institucional. A destituição de um presidente da República por perda de sustentação política e não por corrupção é uma figura do parlamentarismo e não do presidencialismo, de modo que eu acho que há um certo ressentimento que ficou desse processo e que dependerá de outro governo".


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