Depois de muito ensaiar, o PMDB de Minas Gerais vai decidir o destino do senador Zezé Perrella no partido nesta sexta-feira (7). A reunião foi marcada com a assinatura de integrantes da Executiva, já que o presidente da legenda, o vice-governador Antônio Andrade, segundo reclama a bancada, não convoca encontros do grupo desde o ano passado.
Na pauta, além das “filiações em descumprimento às deliberações da comissão executiva estadual”, estão designações de coordenadorias regionais do PMDB em municípios feitas à revelia da bancada, definição do programa de televisão para agosto e a renovação do diretório.
Segundo um dirigente, o caso de Perrella deve ser mandado para a comissão de ética do partido ou então o senador será notificado sugerindo que se retire para evitar um processo de expulsão.
De acordo com integrantes do partido, o senador chegou a mandar recados dizendo que estaria disposto a se desfiliar por conta própria para evitar o desgaste de ser excluído. “Ele mandou esse recado por algumas vias, só que o tempo está passando e ele não cumpre”, afirma um membro da executiva.
Filiação à revelia
A queixa da bancada do PMDB – que fez questão de tornar pública a insatisfação desde fevereiro, quando se concretizou a troca de Perrella do PTB pelo partido – é que a filiação foi acertada pela cúpula. Segundo os deputados estaduais, o presidente do PMDB, vice-governador Antônio Andrade, ignorou a regra pela qual a Executiva tem de ser ouvida sempre que forem filiadas pessoas com mandato.
O líder da bancada na Assembleia, deputado Tadeuzinho Leite, não quis antecipar o que será feito em relação ao caso de Perrella. "Não tem nada definido, até porque, se vai expulsar ou não é a executiva que vai se reunir para dizer, não teremos decisões isoladas", afirmou. Segundo ele, a bancada já se posicionou contrariamente à filiação "não porque é o Zezé Perrella, mas por conta da existência de uma resolução que diz que não se pode filiar pessoas com mandato sem o aval da Executiva".
O movimento para expulsar o senador voltou a ganhar força depois dos últimos fatos que vieram à tona com a delação dos executivos da JBS que levaram à prisão de um assessor de Perrella, Mendherson Souza Lima. Este teria recebido propina pedida pelo Aécio Neves (PSDB). Depois das denúncias, Perrella exonerou o assessor e negou qualquer recebimento de dinheiro da JBS.
No encontro, o partido também vai discutir a necessidade de eleições internas para decidir a sucessão do vice-governador Antônio Andrade na presidência do partido. Parte da legenda, em especial os deputados estaduais, se articula para retirar o dirigente que há anos comanda o partido. A bancada tem tido vários atritos com Andrade desde que ele rompeu com o governador Fernando Pimentel (PT).