A prisão de Geddel não está relacionada ao empreendimento de alto padrão La Vue Ladeira da Barra, onde o ex-ministro tem um apartamento. O caso provocou uma crise no Governo Temer. Em novembro do ano passado, o então ministro Calero denunciou supostas pressões do peemedebista para que a Pasta liberasse a construção. Geddel acabou deixando o governo.
O ex-ministro foi preso na tarde desta segunda-feira, na Bahia, no âmbito da Operação Cui Bono?, por supostamente tentar obstruir investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal. Ao mandar capturar Geddel, o juiz citou o episódio do apartamento em Salvador.
"Não é a primeira vez que Geddel Vieira tenta persuadir pessoas ou pressioná-las, conforme explana a autoridade policial ao mencionar episódio ocorrido há pouco tempo, embora não relacionado com os fatos: 'Outrossim, Geddel Vieira Lima já deu exemplo de ser capaz de utilizar sua influência política para tentar seu favorecimento indevido, como ocorreu recentemente no episódio que envolveu o ex-ministro Marcelo Calero, em que Geddel, então secretário de Governo da República, valeu-se de sua pública e notória influência para obter decisão administrativa que beneficiaria empreendimento em que havia adquirido imóvel particular, nada impedindo que volte a exercê-la, agora em questão até mais grave'", destacou o magistrado.
A prisão de Geddel é de caráter preventivo e tem como fundamento informações fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva. Os executivos da controladora da JBS falaram em suas delações premiadas.
No pedido enviado à Justiça, a Procuradoria da República, no Distrito Federal, afirmaram que o político tem agido para atrapalhar as investigações.
O juiz Vallisney aponta para risco "iminente" se Geddel ficar solto.
"O risco é iminente de prejuízo ao processo e ao inquérito, sobretudo no estágio das investigações desta Operação Cui Bono e na fase instrutória judicial do processo em que são réus presos Eduardo Consentino da Cunha, Lúcio Bolonha Funaro e Henrique Eduardo Alves, além dos réus soltos Fábio Ferreira Cleto e Alexandre Margotto", anotou o magistrado.
"É que em liberdade, Geddel Vieira Lima, pelas atitudes que vem tomando recentemente, pode dar continuidade a tentativas de influenciar testemunhas que irão depor na fase de inquérito da Operação Cui Bono, bem como contra pessoas próximas aos coinvestigados e réus."
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