Com isso, a oposição ficou completamente calada diante da fala de Aécio, que foi cumprimentado por parlamentares da base governista. Segundo senadores petistas, a bancada aguardava o pronunciamento do tucano para perceber qual seria o "tom" da sua fala. Como ele "poupou" a legenda, optaram por não se manifestar sobre o retorno do presidente afastado do PSDB.
Logo no início do discurso, Aécio disse que não seriam permitidos "apartes" à sua fala, ou seja, que nenhum outro parlamentar poderia se pronunciar durante a sua fala. Ele aproveitou os cerca de 15 minutos para fazer uma espécie de mea culpa, dizendo que errou ao se "deixar envolver nessa trama ardilosa", por ter deixado que os seus familiares "servissem de massa de manobra" e por ter usado palavras de baixo calão durante as conversas com Joesley.
Apesar disso, negou que tenha cometido crimes, prometido vantagens indevidas ou ter tentado obstruir a Justiça. Aécio reforçou a tese de sua defesa de que o pedido de R$ 2 milhões ao dono da JBS seria pela venda de um apartamento para pagar advogados em outros processos, e que também procurou outras quatro empresas para o negócio. "O empréstimo seria regularizado e pago. Tratou-se de um negócio entre pessoas privadas", alegou.
Aécio considerou que não seria possível classificar o suposto "empréstimo" como pagamento de propina, pois alega que nunca prometeu vantagens indevidas para a JBS.
O tucano declarou ainda que, como presidente do PSDB, sempre "levantou a voz" em defesa da Operação Lava Jato e que pautou a sua atuação política por "boas causas e dos que mais precisam" e que "sempre respeitou a ética e honrou os votos que recebeu" da população.
Durante os cerca de 45 dias em que esteve afastado, Aécio disse que a "indignação contra a injustiça e a tristeza foram os sentimentos que mais o acompanharam" e que o episódio deixou "profundas marcas" na sua vida e de sua família.
(Julia Lindner e Thiago Faria).