A Polícia Federal confirmou na tarde desta quinta-feira, por meio de nota, que vai retirar os quatro delegados da corporação que integravam grupo exclusivo que atuavam na força-tarefa da Operação Lava-Jato, em Curitiba. Os agentes ficavam dedicados exclusivamente aos assuntos da investigação e, a partir da próxima semana, integrarão a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor).
Segundo reportagem do site da Revista Época, nos bastidores da própria PF e da força-tarefa, a medida é encarada como uma espécie de “esvaziamento” do grupo e comprometeria, inclusive, a realização de novas operações.
Já a Polícia Federal, contudo, alega que o atual contingente da corporação alocado em Curitiba é “adequado à demanda” e receberá reforço, caso seja necessário. “Foi firmado apoio de policiais da Superintendência do Espírito Santo, incluindo dois ex-integrantes da Operação Lava-Jato”,afirma.
Por fim, a PF afasta a suposição de que esteja havendo enfraquecimento das atividades. “A Polícia Federal reafirma o compromisso público de combate à corrupção, disponibilizando toda a estrutura e logística possível para o bom desenvolvimento dos trabalhos e esclarecimento dos crimes”, finaliza a nota.
O assunto, no entanto, não é novo e até chegar na nota desta quinta-feira em que a PF assume a retirada dos delegados, o tema já havia sido exposto até mesmo durante uma coletiva da força-tarefa.
Denúncia antiga
No final de maio, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba, fez um alerta. Durante coletiva para falar da deflagração da Operação Poço Seco – 41ª fase da Lava-Jato – ele apontou para o enxugamento do efetivo de delegados da Polícia Federal que atuam na operação.
Segundo Carlos Fernando, ele teria recebido a informação da redução de nove para quatro delegados. “Incompreensível para nós essa redução para apenas quatro delegados”, disse, considerando que com os desdobramentos da delação dos executivos da JBS, uma parte dos inquéritos pode ser direcionada para o Paraná.
Na mesma coletiva, o delegado da PF, Igor Romário de Paula, tratou como “problema objetivo” a questão e disse que parte do efetivo é de outros estados. “Realmente, além de mim, mais cinco delegados, temos enfrentado um problema objetivo. Grande parte do nosso efetivo vem de fora, Rio, São Paulo e Brasília, que trabalhavam aqui”, revelou.
Lava-Jato em números
De acordo com levantamento divulgado pela força-tarefa da Lava-Jato, desde que foi desencadeada a as investigações resultaram em 157 condenações, contabilizando 1,563 anos, 7 meses e 5 dias de pena. Foram feitas 64 acusações criminais contra 281 pessoas, sendo que em 32 ações já ocorreram sentenças pelos crimes de corrupção, crimes contra o sistema financeiro internacional, tráfico transnacional de drogas, formação de organização criminosa, lavagem de ativos, entre outros.
Há ainda oito acusações de improbidade administrativa contra 50 pessoas físicas, 16 empresas e 1 partido político.
Até o momento já foram ressarcidos R$ 38,1 bilhões. Os crimes já denunciados envolvem pagamento de propina de cerca de R$ 6,4 bilhões. São alvo de recuperação R$ 10,3 bilhões feitos por acordo de colaboração, sendo R$ 756,9 milhões objeto de repatriação e R$ 3,2 bilhões em bens dos réus já bloqueados.