O ex-ministro nos governos Dilma e Temer, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), negou, "com veemência", ter pressionado delatores ou embaraçado a Justiça, durante audiência de custódia de sua prisão, realizada nesta quinta-feira. O encarceramento do peemedebista foi decretado pelo juiz federal Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara de Brasília, no âmbito da Operação 'Cui Bono?'.
Ele é acusado de atrapalhar investigações e de tentar evitar que Eduardo Cunha, condenado a 15 anos na Lava-Jato, e o doleiro Lúcio Funaro façam delação premiada.
Funaro está preso na Papuda, em Brasília, desde 1 de julho de 2016, quando foi alvo da Operação Sépsis. Por meio de seu advogado, Bruno Espiñeira, o aliado de Eduardo Cunha fez chegar à PF "impressos de ligações" recebidas por sua esposa via WhatsApp. As ligações foram feitas por um certo "Carainho", que, segundo os investigadores, é Geddel.
"Acabei de dizer que nesta ligação se tratou exatamente: 'como vai você?', porque é o mínimo. 'Sua família está bem?' Não se tratou de marido dela, de esposo dela, nada disso", afirmou Geddel durante o depoimento.
Questionado a respeito de quantas ligações fez a Raquel Pitta, esposa de Funaro, o ex-ministro relatou que conversou com ela "mais de dez vezes". Sempre, segundo o peemedebista, o teor era o mesmo: "Isso: 'Como vai? Tudo bem?' Ela me ligava".
Funaro é citado nas delações da J&F como recebedor de um mensalinho de R$ 400 mil, para ficar em silêncio na cadeia. Sua irmã, Roberta, foi flagrada pegando uma mala com este exato valor do diretor de Relações Institucionais da companhia, Ricardo Saud e acabou presa, no âmbito da Operação Patmos, no último dia 18 de maio.
A detenção de sua familiar pesou na decisão do doleiro de abrir o jogo e assumir crimes em depoimento à Polícia Federal. Ele negocia delação premiada e, em sua última ida à PF, citou, além de Geddel, o presidente Michel Temer.