O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a realização de eleições diretas em caso de cassação do presidente Michel Temer (PMDB) e afirmou que o peemedebista vai sofrer do mesmo golpe que aplicou na ex-presidente Dilma Rousseff (PT), retirada do cargo depois de um processo de impeachment.
“Eles deram um golpe malandro na democracia. O Temer deu um golpe e agora vão dar um golpe debaixo da barba dele. Nós não vamos dar um golpe, queremos eleição direta”, afirmou o petista, que esteve na noite desta segunda-feira em Belo Horizonte para participar do lançamento da segunda etapa do Memorial da Democracia.
Temer é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção passiva, tendo como base a delação feita pelo empresário Joesley Batista, da JBS. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara começou a discutir nesta segunda-feira a denúncia da PGR. O relator Sérgio Sveiter (PMDB-RJ) opinou pelo seguimento da denúncia.
Em discurso, Lula disse que vai enfrentar todos os processos que é alvo “de cabeça erguida” e que vai provar sua inocência. O petista ainda brincou ao declarar que a democracia tem vários defeitos, como um presidente ser alvo de matérias negativas na imprensa, o governante enfrentar greve de servidores ou o Ministério Público “ficar no pé”. “É um inferno, mas não tem nada melhor que o inferno da democracia”.
Lula afirmou que o país vive hoje um momento crucial para discutir e repensar a democracia, especialmente no papel dos brasileiros desse processo.
“Na medida em que a gente se cala e aceita as mentiras, elas vão ocupando seu espaço, Daqui a pouco a gente começa a achar normal o mundo ser assim. Achar normal um tipo como Bolsonaro”, disse, referindo-se ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), conhecido por suas posições polêmicas.
O ex-presidente lamentou ainda que a crise política está levando a uma perda de credibilidade e respeito pelo Brasil no mercado externo, além da desmoralização e descrédito de suas principais instituições, tais como o Congresso, o Judiciário e a própria Presidência da República.
Em clara alusão à possibilidade de se candidatar a presidente nas próximas eleições, Lula ponderou que, se eleito, vai voltar a ocupar o Palácio do Planalto para fazer “mais e melhor”.