Jornal Estado de Minas

Em BH, Lula diz que responderá a todos os processos 'de cabeça erguida'


No dia em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara dos Deputados começou a discutir a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) e que pode levar à perda do mandato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a realização de eleições diretas para a sucessão e afirmou que o peemedebista vai sofrer do mesmo golpe que aplicou na ex-presidente Dilma Rousseff (PT), retirada do cargo depois de um processo de impeachment.

“Eles deram um golpe malandro na democracia. O Temer deu um golpe e agora vão dar um golpe debaixo da barba dele. Nós não vamos dar um golpe, queremos eleição direta”, afirmou o petista, que esteve ontem à noite em Belo Horizonte para participar do lançamento da segunda etapa do Memorial da Democracia. Temer é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção passiva, tendo como base a delação feita pelo empresário Joesley Batista, da JBS.

Em discurso, Lula disse que vai enfrentar todos os processos que é alvo “de cabeça erguida” e que vai provar sua inocência. O petista ainda brincou ao declarar que a democracia tem vários defeitos, como um presidente ser alvo de matérias negativas na imprensa, o governante enfrentar greve de servidores ou o Ministério Público “ficar no pé”. “É um inferno, mas não tem nada melhor que o inferno da democracia”.

Lula afirmou que o país vive hoje um momento crucial para discutir e repensar a democracia, especialmente no papel dos brasileiros desse processo. “Na medida em que a gente se cala e aceita as mentiras, elas vão ocupando seu espaço, Daqui a pouco a gente começa a achar normal o mundo ser assim. Achar normal um tipo como Bolsonaro”, disse, referindo-se ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), conhecido por suas posições polêmicas.

Manifestantes

A presença do ex-presidente ontem em Belo Horizonte movimentou manifestantes pró e contra o petista na porta do Palácio das Artes.

Os dois grupos promoveram uma espécie de “duelo” de palavras de ordem. Um grupo de cerca de 80 pessoas protestou em frente ao teatro. Os contrários ao petista levaram para a avenida um boneco inflável de oito metros com Lula vestido de presidiário. Do outro lado da avenida, cerca de 30 pessoas – já que a maioria estava no Palácio das Artes para o evento –, defensores do ex-presidente Lula, gritaram palavras de ordem a favor do PT e da maior estrela do partido. A Polícia militar reforçou o efetivo para fazer a segurança do local, e grades de proteção e cordas foram colocadas para isolar a área.

Além de Lula, o governador Fernando Pimentel (PT) participou do evento. O petista gravou vídeo nas redes sociais convidando os mineiros a participar do lançamento e informou que o evento também seria transmitido nas redes sociais. Desenvolvido em uma parceria entre o Instituto Lula e a UFMG, o memorial é um museu digital que traz vídeos, fotos, fac símiles, notícias, discursos e acervos históricos.

Nesta etapa o projeto passa a contar com a história do período de 1930 até 1964, quando houve o golpe militar.

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