Brasília – O governo ativou o rolo compressor para derrubar até sexta-feira, no plenário da Câmara, o pedido de abertura de investigação contra o presidente Michel Temer. Alegando que termina hoje prazo de cinco sessões para análise do relatório do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) na Comissão de Constituição e Justiça, os governistas pediram a suspensão das discussões e a votação imediata do texto do peemedebista. Enquanto isso, a Executiva nacional do PMDB aperta o torniquete para fechar questão contrária ao relatório. Quem descumprir, poderá até ser expulso do partido.
Maia não quis arrumar confusão e lembrou que os próprios deputados firmaram o acordo de procedimentos para que todos falassem. A estratégia dos governistas passou a ser, então, reduzir ao máximo o número de inscritos alinhados ao Planalto. “Eu defendo que falem os líderes e uns poucos parlamentares que tenham argumentos jurídicos para contrapor o relatório de Zveiter”, afirmou o deputado Fausto Pinato (PP-SP). “Queremos derrubar a acusação contra o presidente na sexta-feira ou, no mais tardar, na segunda-feira, completou o vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS).
Pacheco acredita ser possível votar na CCJ o relatório até quinta-feira à noite. Com isso, é possível, caso Maia deseje, analisar o assunto ainda na sexta. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), marcou para segunda-feira uma sessão do Congresso para analisar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Caso ela seja aprovada, os congressistas poderão entrar de recesso parlamentar.
Maia pediu que os deputados fiquem para votar a denúncia contra Temer antes do recesso. “O Brasil não pode esperar mais. Temos que resolver isso para andar com as reformas que vão mudar o país. Nós precisamos resolver isso. Eu faço um apelo aos membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para que possam avançar e respeitar qualquer acordo que tenha sido feito. A Câmara não tem condições de votar a denúncia sem o parecer da comissão. O país não pode esperar até agosto para que esse assunto seja decidido”, justificou Maia.
PMDB PROMETE RETALIAÇÃO Enquanto isso, o PMDB fecha o cerco aos infiéis. O líder da bancada, Baleia Rossi (SP) pediu ao presidente nacional da legenda, senador Romero Jucá (RR) que marcasse uma reunião da Executiva do partido. “Não estamos decidindo isso para fazer marola”, afirmou o vice-líder do PMDB na Casa, Carlos Marun (MS) Ele defende que aqueles que se sentirem insatisfeitos, como o próprio Zveiter, deixem o partido.
Marun calcula que a grande maioria da bancada acata a decisão de se fechar questão e chegou a falar em um número de 60 dos 64 parlamentares alinhados ao governo. Mas o coordenador da bancada do PMDB fluminense, Pedro Paulo, já fez um abaixo-assinado ente os parlamentares do partido no Rio para defender o relator Sérgio Zveiter.
“Em outros momentos em que o próprio Pedro Paulo foi alvo de ataques pessoais, ele recebeu todo o apoio da bancada. Deveríamos refletir sobre isso no momento”, provocou Marun. Durante a campanha para a Prefeitura do Rio de Janeiro, no ano passado, Pedro Paulo foi acusado de agredir a esposa e muitos consideram que esse fato foi fundamental para que ele, mesmo tendo ao seu lado a máquina partidária estadual e municipal, nem sequer chegasse ao segundo turno na disputa pela prefeitura.
Um dos possíveis alvos de punição, Pacheco lamentou que o partido tenha sugerido esse caminho. “Isso pode até ser um tema de encaminhamento de votação, jamais fechamento de questão”. O presidente da CCJ se solidarizou com o relator Sérgio Zveiter e disse que não pretende deixar o partido. “Acho que o PMDB precisa escolher que tipo de quadros ele deseja manter.” Irritado, Perondi retrucou. “Pena que um jovem deputado seja tão retrógrado. Ele é quem precisa escolher que tipo de relação partidária deseja manter.”
Os peemedebistas também apresentaram um voto em separado alegando que a denúncia contra Temer, acatada no relatório de Zveiter, é “inepta, sem provas de materialidade e expressa de uma relação suspeita dos procuradores da República com os delatores”.