Genebra, 12 - O operador Raul Schmidt Felippe Junior, alvo da Operação Lava Jato e acusado de ser sócio de ex-diretores da Petrobras, terá todos os extratos de suas nove contas secretas na Suíça transmitidos às autoridades do Brasil e da Noruega.
Por mais de seis meses entre 2015 e 2016, Schmidt esteve foragido e chegou a ter seu nome difundido pela Interpol. Mas acabou sendo preso em Portugal há um ano. Réu em uma ação penal em Curitiba, ele aguarda até hoje, em prisão domiciliar em Lisboa, por uma decisão sobre o pedido de extradição.
No Brasil, ele é suspeito de ter feito pagamentos de propinas a pelo menos três ex-diretores da Petrobras: Renato de Souza Duque, Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada.
Seria com esse último que o luso-brasileiro ainda formaria uma sociedade. Juntos, mantinham a empresa TVP Solar, com sede em Genebra. A suspeita é de que ele teria feito parte de operações para camuflar recursos desviados da estatal.
De acordo com documentos publicados nesta terça-feira, o Tribunal Federal da Suíça rejeitou um recurso apresentado por Schmidt e sua esposa e decidiu repassar ao Brasil e a investigadores da Noruega detalhes sobre nove contas que ele possui na Suíça. Em três delas, milhões de dólares estariam bloqueados.
Os documentos, obtidos pelo Estado, também revelam que Schmidt teria feito a transferência de US$ 14 milhões para uma conta em Monaco e em nome de um ex-diretor da Petrobras.
De fato, entre 1980 e 1997, ele trabalhou na Petrobras. Mas deixou para representar o interesse de empresas estrangeiras que quisessem fechar negócios com a estatal brasileira. Uma delas é a norueguesa Sevan, suspeita de ter pago propinas para fechar acordos com a Petrobras.
O seu advogado é o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que diz ter esperanças de que a extradição de seu cliente de Portugal ao Brasil não será concedida. "Estamos com a expectativa grande de conseguir ganhar esse processo de extradição", disse.
"Estamos agora esperando, a defesa foi apresentada e estamos esperando a manifestação do Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa. A nossa expectativa é muito boa e evidentemente lá não existe essa espetacularização. Lá é mais fácil fazer o processo correr nos limites da legalidade e da constitucionalidade", disse.
"Se nós ganharmos, ele é português e ficará em Portugal", completou o advogado.
(Jamil Chade e Breno Pires)