A exemplo do que viveram a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e outros mandatários do maior posto do Executivo no Brasil, o presidente Michel Temer (PMDB) se prepara para viver o seu agosto sombrio. Marcada para o segundo dia do mês, a votação da admissibilidade da denúncia contra ele terá rito semelhante ao do impeachment de sua antecessora, com os deputados sendo chamados um a um a se pronunciar. Até lá, o peemedebista tem duas semanas para costurar acordos e garantir que a oposição não consiga os 342 votos necessários para torná-lo réu no Supremo Tribunal Federal. Contra ele, Temer tem o tempo – podem surgir fatos novos como delações do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e do operador do PMDB, o doleiro Lúcio Funaro, e as denúncias que ficaram faltando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar.
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Ministro da Justiça e Perondi deixam Jaburu após encontro com TemerVotação rápida em plenário ajudaria TemerAdvogado de Temer defende advogado de Lula em processo sobre sítio de AtibaiaCrise do governo Temer não deve ter refresco nem no recesso do Congresso Temer decide manter tucanos no governo para tentar estancar crise que assola governoPerondi diz que o governo está seguro, pois teve vitórias na última semana com a aprovação da reforma trabalhista e de um parecer pelo arquivamento da denúncia na CCJ.
Perondi acredita que a situação de Temer seja totalmente diferente da de sua antecessora. “No impeachment, tinha uma presidente queixo duro e as ruas pedindo o fora Dilma. Hoje temos um presidente parlamentarista, que dialoga com o Congresso, e as ruas estão vendo que o país está começando a melhorar. Mas o governo também não está de salto alto”, disse.
A oposição também não vai descansar no recesso.
Alencar acredita que o recesso pode atrapalhar os planos no Planalto. “Em duas semanas, com o contato direto com a sociedade, muitos deputados vão sair da indefinição e novas denúncias poderão vir nesse período, portanto nosso interesse máximo através da pressão social é aprovar a denúncia do PGR”.
Além da pressão popular nas bases, estão no ar plataformas virtuais para ajudar a pressionar os deputados. Um deles, o #342, traz uma campanha de artistas pela necessidade de conseguir votos suficientes para derrubar Temer. Neste, 158 deputados são colocados como indecisos. Já o site com mapa do afasta Temer, do movimento Vem pra Rua, coloca 189 parlamentares como indecisos.
A maldição de agosto
Além de Dilma e Temer, agosto representou um mês definitivo para outros políticos que ocuparam o Palácio do Planalto. O agora senador Fernando Collor de Mello teve o seu destino selado em agosto de 1992, quando o povo foi às ruas para tirá-lo do poder depois que ele se atolou em uma crise política e foi cercado por denúncias de corrupção. Em 13 de agosto de 2014, o ex-governador de Pernambuco, que concorria à Presidência, morreu em um desastre aéreo. Em 24 de agosto de 1954, o Brasil ficou chocado com o suicídio de Getúlio Vargas.
Oposição vai à PGR
Brasília – Os deputados Alessandro Molon (Rede-RJ) e Aliel Machado (Rede-PR) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) deverão entregar à Procuradoria-Geral da República (PGR), hoje, uma representação contra o presidente Michel Temer. Eles pedirão que a PGR investigue a liberação de emendas para deputados da base governista no contexto da votação da admissibilidade da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. O documento foi elaborado com base em um levantamento feito pela assessoria de Alessandro Molon sobre as emendas liberadas.
“Queremos impedir que Temer continue usando dinheiro público para obstruir a Justiça e permanecer impune com a ajuda do Congresso. Além disso, queremos impedir que serviços essenciais sejam prejudicados por causa dessas manobras ilegais e irresponsáveis do governo”, afirmou o deputado.
Dos 40 deputados que votaram pela rejeição do parecer que recomendava a abertura de investigação contra Temer na CCJ da Câmara, 39 tiveram R$ 266 milhões em emendas parlamentares empenhadas, de acordo com valores atualizados. Esse valor corresponde ao período entre junho, após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, que foi usada na denúncia contra Temer, e as duas primeiras semanas deste mês, às vésperas da votação..