O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta segunda-feira que vai aceitar "com a maior naturalidade possível" uma possível rejeição da denúncia oferecida contra o presidente Michel Temer pelo plenário da Câmara.
"Como eu vou aceitar a decisão da Câmara? Com a maior naturalidade possível. Eu fiz o meu trabalho. Cada um faz o seu. Não tenho como insistir nessa denúncia", afirmou Janot, que participou nesta segunda-feira de evento no Wilson Center, em Washington, sobre o uso da ferramenta da colaboração premiada no Brasil. A votação da denúncia no plenário da Câmara está prevista para o dia 2 de agosto.
O procurador-geral explicou para a plateia que, como se trata de um caso em que o acusado tem foro privilegiado, a não aceitação da denúncia pelo Congresso faz com que ela fique em suspenso até que a imunidade parlamentar expire. "O fato de eu poder ou não oferecer outras denúncias em razão dessa investigação não tem nada a ver com isso. Se alguma outra investigação estiver madura até 15 de setembro, eu vou oferecer denúncia", acrescentou.
Janot ainda voltou a defender a concessão da imunidade aos donos da JBS, lembrando que a possibilidade está prevista na lei e que se justifica dada "a qualidade das pessoas entregues".
"A pessoa que entrega no curso de cometimento de crime o presidente da República, um senador com mais de 50 milhões de votos na última eleição presidencial, um colega meu procurador da República, eu duvido que para os padrões americanos se isso não teria sido suficiente para entregar a imunidade", disse o procurador no evento que ocorre na capital dos Estados Unidos.