O esquema de corrupção envolvendo o transporte escolar em Esmeraldas, na Região Metropolitana, não lesou apenas os cofres públicos. Ao investigar o superfaturamento nos contratos e o pagamento de propinas a empresários e políticos, a Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais atribuíram a morte de um adolescente de 13 anos, em 2015, ao descaso da Prefeitura.
Há dois anos, um estudante caiu do ônibus e morreu ao ser atropelado pelo veículo. O caso ainda está sob investigação, mas para a Polícia Civil e o MP, a causa da morte pode ser creditada à falta de fiscalização sobre as empresas responsáveis pelo serviço e as condições dos veículos.
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As investigações apontaram que os políticos faziam parte de um esquema de fraude em licitações e contratos para o transporte escolar no município.
As irregularidades ocorreram entre 2009 e 2016, período em que um grupo de sete empresas disputavam os contratos entre si, orçados geralmente entre R$ 5 e 6 milhões anuais. Algumas delas pertenciam aos mesmos empresários, que usavam nomes de laranjas para mascarar o conluio.
Os contratos vigoravam durante 12 meses e eram renovados anualmente, em um esquema que previa o rateio dos valores, que eram superfaturados.
“Eles não faziam as licitações e contratavam as empresas em caráter emergencial.
De acordo com o delegado, o serviço era prestado sem qualquer tipo de fiscalização – embora o pagamento fosse feito por quilômetro rodado. O policial afirmou ainda que há indício de pagamento de propina para políticos, mas ele não revelou os nomes para não atrapalhar as investigações. Ainda não foi contabilizado qual teria sido o prejuízo para os cofres públicos.
Licitação
Durante a operação, foram apreendidos documentos, veículos, celulares, computadores e pendrives. Os envolvidos poderão responder a processos por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção e improbidade administrativa. As sanções envolvem prisão, perda de bens, devolução de dinheiro ao erário e suspensão dos direitos políticos.
Também serão investigados contratos firmados pelas empresas com prefeituras de Contagem, Brumadinho e Mateus Leme.
Segundo a Polícia Civil e o MP, não há indício de que a atual administração de Esmeraldas esteja praticando o mesmo crime. No início do ano houve uma contratação para o transporte das crianças mediante um edital público, em caráter emergencial.