Brasília, 19 - Após reunião com o presidente Michel Temer na noite desta quarta-feira, 19, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, afirmou que sua filha, a deputada federal Cristiane Brasil (RJ), não será nomeada para o Ministério da Cultura. Segundo ele, no encontro, Temer afirmou que tinha assumido compromisso com a indicação de outra pessoa para o cargo.
"O presidente disse que a Cristiane tem sido uma guerreira, mas que já tinha convidado outra pessoa. Pediu que a gente não ficasse com raiva. Disse que, da minha parte, não havia problema", afirmou Jefferson à reportagem, ao sair do Palácio do Planalto. Delator do escândalo do mensalão do PT, o ex-deputado se reuniu com Temer junto com a filha, a convite do presidente.
O cargo está vago desde 18 de maio, quando o deputado Roberto Freire (PPS) deixou o posto, logo após ser divulgada a delação de executivos da JBS incriminando Temer. De acordo com relatos de parlamentares próximos de Cristiane e de interlocutores do governo no Congresso, a deputada fluminense deixou claro para o Palácio do Planalto seu interesse em ser indicada para comandar a pasta.
Na articulação, ela também procurou o apoio de pessoas influentes da área da Cultura. Procurada por telefone, a deputada não atendeu as ligações da reportagem.
O ex-deputado negou que o movimento para emplacar Cristiane na Pasta tenha partido do PTB. Segundo ele, são "alguns artistas" que defendem o nome dela, sem citar nomes.
Votação no plenário
Enquete do jornal O Estado de S. Paulo mostra que, dos 17 deputados da sigla, apenas dois são favoráveis a aceitação da denúncia contra o presidente; sete, contra; e 10 estão indecisos ou não quiseram responder. Interlocutores do governo no Congresso, no entanto, veem com ceticismo a nomeação de Cristiane para a Cultura agora. Lembram que ela não tem ligação com o setor, o que pode gerar protestos contra Temer no momento em que a denúncia contra ele está prestes a ser votada no plenário da Câmara.
Se acontecer, dizem essas fontes, a nomeação só se concretizará após a votação da denúncia, marcada para 2 de agosto, quando o presidente pretende fazer uma reforma ministerial. O comando do Ministério da Cultura também é cobiçado por peemedebistas. O deputado André Amaral (PB) pediu ao líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), que intercedesse a favor dele. O parlamentar paraibano, contudo, enfrenta resistências.
(Igor Gadelha).