Rio de Janeiro - Enquanto o governo do Rio tenta chegar a um consenso em Brasília sobre o plano de recuperação do Estado, ajuda para a segurança e o destino da estatal de saneamento Cedae, os servidores públicos estaduais seguem com salários atrasados e recorrem à doação de cestas básicas para sobreviver. Somados o 13.º referente a 2016 e os vencimentos de maio e junho ainda não efetuados, o governo do Rio deve R$ 2,26 bilhões aos trabalhadores.
De acordo com a Secretaria da Fazenda, receberam integralmente o salário de junho apenas os servidores da segurança - policiais militares e civis, bombeiros, agentes penitenciários e demais funcionários das Secretarias de Segurança e Administração Penitenciária - e ativos da educação, do Degase e das Secretarias de Fazenda e Planejamento. Ainda restam R$ 609,8 milhões a serem depositados para um total de 216.127 ativos, inativos e pensionistas.
Só de 13.º salário do ano passado o governo deve R$ 1,2 bilhão. Há ainda outros R$ 453,7 milhões em salários atrasados de maio. O total da folha do Executivo é de R$ 1,6 bilhão líquido.
Revolta
O clima é de revolta entre os servidores fluminenses. O frio e a chuva não impediram a realização de uma manifestação na tarde dessa quarta-feira (19) na porta do Tribunal de Justiça do Rio. Eles protestaram contra decisões que negaram indenização por danos morais aos funcionários públicos em razão de atrasos.
Na véspera, o Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) divulgou nota de repúdio em relação à decisão do governador Luiz Fernando Pezão de se afastar para fazer um tratamento de saúde em um spa. "Pezão mostra absoluta falta de bom senso, hospedando-se num ambiente de luxo e ostentação. O dinheiro que ele gastará no spa (uma semana lá pode custar até R$ 27 mil), seria suficiente para comprar 500 cestas básicas", informa o Muspe.
Pezão acabou suspendendo a licença médica após ser convocado para reunião com o presidente Michel Temer, hoje, em Brasília, para discutir a crise financeira do Rio. A expectativa é de que os cerca de R$ 3,5 bilhões esperados em uma negociação da Cedae - seja via empréstimo usando suas ações como garantia ou por meio da venda ao BNDES - sejam usados para regularizar a situação dos servidores.