Às vésperas da votação sobre a admissibilidade da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer (PMDB), 22 deputados federais da bancada mineira na Câmara dos Deputados ainda não decidiram como vão votar ou preferem esconder o voto, de acordo com levantamento feito pelo Estado de Minas.
Entre os que declararam como vão se posicionar nesta quarta-feira (2) no plenário, 19 são favoráveis à aceitação da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e defendem que Temer seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Contrários à continuidade das apurações, 12 deputados afirmaram que votarão contra a denúncia, pelo arquivamento das investigações.
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Integrante da ala jovem do PSDB, que tem manifestado a intenção de apoiar as investigações contra Temer, o deputado Caio Nárcio também afirma que já se decidiu sobre como votar na quarta-feira. No entanto, ele prefere não declarar o voto. “A bancada do PSDB está muito dividida. Mas cada um interpreta as denúncias de acordo com seus valores”, diz Nárcio.
O colega de bancada Rodrigo de Castro, da ala mais antiga do PSDB, anunciou que vai votar contra o acolhimento da denúncia.
Quem também preferiu não opinar em voto sobre o prosseguimento ou não da denúncia é o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB). Segundo ele, o motivo de não votar é a possibilidade de outras denúncias contra Temer serem apresentadas pela PGR e o assunto, assim como a acusação atual, tramitar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida por ele.
“Vou me abster para garantir a isenção do processo, até considerando a possibilidade de que outras denúncias envolvendo o presidente venham a tramitar pela CCJ.
Outro que seguiu sem dar sua opinião é o deputado Aelton Freitas (PR). O parlamentar argumentou que ainda não tem posição sobre o caso, mas deve se definir até o momento de ir ao microfone do plenário para declarar seu voto. “Vou aguardar a orientação do partido”, disse.
Crise
Integrante da CCJ, o deputado Toninho Pinheiro (PP) votou a favor do relatório que recomendou o arquivamento da denúncia contra o presidente, elaborado pelo também mineiro Paulo Abi-Ackel (PSDB). E vai repetir o voto nesta quarta-feira (2).
O primeiro relatório, assinado por Sérgio Sveiter (PMDB-RJ), defendeu a abertura das investigações, mas foi derrotado depois da troca de vários titulares da comissão – em uma articulação do Palácio do Planalto.
“Sou a favor de investigar todo mundo, mas tirar o presidente do cargo agora só vai gerar mais crise. Para que trocar o presidente agora se ano que vem já tem eleição?”, argumentou Pinheiro.
Indeciso até bem pouco tempo, Lincoln Portela (PRB) disse ontem que resolveu votar a favor da abertura do processo contra o presidente Michel Temer por entender que toda denúncia deve ser investigada.
“Esta é uma acusação recheada de aspectos políticos, mas também recheada de outros detalhes que precisam ser investigados”, defendeu. Segundo ele, não há risco de não ter quórum para a votação porque o governo quer “acabar logo com este assunto”.