Brasília - O governo iniciou uma investida para garantir a presença de deputados da base aliada que se declaram indecisos e até mesmo favoráveis à denúncia contra o presidente Michel Temer na sessão da Câmara que vai analisar a acusação formal por corrupção passiva. O Planalto quer garantir que a votação seja concluída amanhã no plenário. O objetivo é não depender da oposição, que reúne cerca de 100 deputados e pode adotar a tática de não registrar presença e obstruir a sessão para impedir que a votação ocorra.
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Confira como votam deputados mineiros na denúncia contra TemerTemer e aliados se mobilizam para encher plenário da CâmaraDenúncia contra Temer domina debates na volta do recesso parlamentarGoverno não tem planos de reforçar segurança fora do Congresso para votaçãoIntegrantes da chamada "tropa de choque" de Temer na Câmara passaram a ligar para os deputados da base indecisos e favoráveis à denúncia para pedir que compareçam à sessão desta quarta-feira, 2, independentemente de como votarão. Nas conversas, apostam no argumento de que esses parlamentares não podem fazer o "jogo" do PT. Parte da legenda petista defende não dar quórum para impedir a votação.
A sessão plenária em que a aceitação ou não da denúncia será analisada está marcada para começar às 9 horas. A votação de fato, contudo, só poderá iniciar quando pelo menos 342 deputados registrarem presença - mesmo número mínimo de votos exigidos para que a denúncia seja aceita pela Câmara. O governo acredita que tem condições de garantir essas presenças apenas com a base aliada. Pelos cálculos de governistas, os partidos da base reúnem juntos 380 deputados.
"A bancada do PMDB estará presente para votar", afirmou o líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP), um dos deputados mais próximos de Temer.
Doze ministros do governo que são deputados licenciados devem reassumir os mandatos na Câmara para ajudar a barrar a denúncia.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reafirmou ontem ter certeza de que haverá presença mínima para a votação. "Vai ter quórum", disse.
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Estratégia comum
Líderes de partidos da oposição vão se reunir hoje para tentar traçar uma estratégia conjunta de atuação. O grupo está dividido sobre registrar presença ou não e ajudar o governo a ter o quórum mínimo. A estratégia de obstruir a sessão é defendida por parlamentares da Rede e do PSOL. Segundo eles, postergar a decisão pode aumentar o desgaste de Temer.
Além de grupos do PT, parte do PCdoB e do PDT, no entanto, tem defendido que é melhor realizar a votação amanhã para expor os deputados da base à pressão popular. Além da acusação formal por corrupção passiva já em tramitação na Câmara, a Procuradoria-Geral da República ainda estuda apresentar até setembro pelo menos mais uma denúncia contra Temer por obstrução de Justiça e organização criminosa.
O líder do PT, deputado Carlos Zarattini (SP), rebateu as críticas de que o partido, mirando nas eleições de 2018, estaria preferindo que Temer se salvasse da denúncia para continuar fragilizado até o próximo ano. "Não existe essa conversa de deixar o presidente da República sangrar", disse.
Já o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE) fez um apelo para que os colegas da oposição não marquem presença na sessão.
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