Quinze meses depois de definir o futuro político da então presidente Dilma Rousseff (PT), os 513 deputados federais têm novamente, em suas mãos, o poder sobre um presidente da República. Desta vez, está em jogo o mandato de Michel Temer (PMDB) – acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção passiva.
As acusações são baseadas na delação feita por executivos da JBS e, para que Temer seja processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é preciso autorização da Câmara dos Deputados. Caso não haja o voto de pelo menos 342 parlamentares, a denúncia é arquivada, hipótese que Temer já dá com certa. “Quem ganha é o Brasil”, afirmou o presidente em entrevista à imprensa.
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Nessa terça-feira (1º), o presidente recebeu para almoço mais de 60 deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária, em Brasília, a chamada bancada ruralista. O encontro, que não estava na agenda do presidente, ocorreu no mesmo dia em que o Diário Oficial da União (DOU) publicou uma medida provisória que renegocia dívidas de produtores rurais com contribuições previdenciárias. Essa era uma reivindicação do setor.
A reunião para a votação do parecer do mineiro Paulo Abi-Ackel (PSDB) – que recomenda o arquivamento da denúncia – começa às 9h desta quarta-feira, sem hora para acabar. Mas a expectativa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é de que o assunto esteja liquidado ainda à tarde. “Vai dar quórum, a gente vai votar. É nossa obrigação. Não pode ter um presidente denunciado e o Parlamento não deliberar sobre isso. Independentemente da posição de cada um, é importante que a Câmara delibere”, afirmou.
DESESPERADO A declaração do presidente da Câmara não agradou em nada à oposição, que defende a votação apenas à noite. Além de decidir não registrar presença para não dar quórum, vai questionar o rito estabelecido por Rodrigo Maia.
Eles questionam que Maia permitirá o início dos debates com apenas 52 parlamentares no plenário. E essa fase pode ser interrompida após quatro discursos – dois de cada lado. Os governistas já teriam pronto um requerimento para encerrar os debates, dependendo da aprovação de 257 deputados. A estratégia dos oposicionistas é inviabilizar o quórum durante o dia para forçar que a votação ocorra à noite, quando um maior número de pessoas está em casa e poderá assistir à sessão. (Com agências)
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