Brasília - Após uma série de reuniões, partidos da oposição decidiram obstruir a sessão destinada a votar a denúncia por corrupção passiva apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer.
A estratégia pode ser revista durante o dia, mas, pelo menos na sessão marcada para o período da manhã, os deputados oposicionistas não devem marcar presença para testar a força do governo e verificar o tamanho da base de Temer na Câmara. Está prevista até uma "passeata" no Salão Verde da Câmara pedindo a saída do presidente.
Também faz parte da estratégia da oposição empurrar a votação para o período da noite, para que a sessão tenha mais visibilidade. "Votar a denúncia à noite é fundamental para que o trabalhador acompanhe", disse o líder da minoria na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE).
A estratégia, no entanto, divide a oposição e o partido que mais resiste a apoiar a ideia de obstruir a sessão é justamente o PT, que conta com 58 deputados. Maior liderança da sigla, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que petistas comparecessem ao plenário.
"Qualquer que for a decisão de vocês, é importante ter em conta que nesse lenga-lenga de se vota o processo do Temer, se não vota, é preciso que a nossa bancada fique atenta à situação do povo brasileiro. Porque, enquanto se briga no Congresso Nacional, o desemprego cresce, o salário cai e a dificuldade do povo aumenta", disse o petista em um bate-papo com o deputado Wadih Damous (PT-RJ) transmitido pelo Facebook.
Apesar da recomendação de Lula, a bancada do PT decidiu, em reunião realizada ontem à tarde, que vai obstruir a votação pelo menos durante a manhã e depois iria analisar a situação "a cada momento".
Peregrinação
Um dos mais ferrenhos defensores da abertura da investigação contra Temer, o deputado Sílvio Costa (PT do B-PE) chegou a ir até o plenário onde os petistas estavam reunido para tentar convencê-los a não marcar presença. "Deputado que marcar presença vai estar fazendo o jogo do presidente Michel Temer. É uma oposição do Paraguai", disse Costa, que tentou convencer até mesmo deputados do PSDB que são a favor do desembarque do partido do governo a participar da estratégia.