Venceram o poder de articulação política e a experiência no trato com os deputados federais. Duas vezes presidente da Câmara e porta-voz do governo com o Legislativo durante boa parte do mandato de Dilma Rousseff (PT), o presidente Michel Temer (PMDB) conseguiu derrubar no plenário a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para que ele fosse investigado por corrupção passiva no Supremo Tribunal Federal (STF). Em pronunciamento à noite, Temer agradeceu a votação obtida pelos “representantes do povo brasileiro” e anunciou que seguirá adiante com as reformas necessárias para o país “andar nos trilhos”, tais como a previdenciária e a tributária.
Leia Mais
Imprensa nos EUA destaca vitória de Temer na Câmara dos deputadosTemer terá dificuldades para aprovar reforma da PrevidênciaDecisão é uma conquista do Estado democrático de direto, diz TemerComemoração da base governista pela vitória de Temer é tímida na CâmaraVitória de Temer ainda não confirma retomada das reformas, dizem analistasTemer garantiu apoio de 2/3 da base'A próxima batalha é a Previdência', diz PadilhaO placar pegou de surpresa até mesmo os governistas mais otimistas, que contavam com algo em torno de 200 votos. Embora nas últimas semanas, em pleno recesso do Congresso Nacional, o presidente tenha atuado fortemente para se manter na cadeira do Palácio do Planalto.
Com o aval da maioria dos deputados, Temer espera agora conseguir aprovar a polêmica reforma da Previdência – segundo ele necessária para colocar as contas públicas em ordem. “Faremos todas as demais reformas estruturantes que o país necessita”, discursou. Em nota, o PMDB, partido do presidente, afirmou que foi superada “mais uma dificuldade no plenário da Câmara” e que a legenda trabalhará para que o presidente “possa continuar reconstruindo o Brasil”. “A partir de agora, avançaremos na transição com reformas estruturantes e ações para que o Brasil volte a ser um país onde as pessoas possam viver com esperança”. Os problemas judiciais do presidente, no entanto, não acabaram totalmente. Ele ainda poderá ser alvo de nova denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot, desta vez por organização criminosa e obstrução da Justiça.
OPOSIÇÃO ADMITE ERRO Ao longo do dia, as articulações políticas continuaram de lado a lado.
À tarde, o presidente se reuniu com ministros e assessores no Palácio do Planalto para assistir à sessão, que durou quase 13 horas. Um dos ministros que estiveram no gabinete de Temer para acompanhar a sessão foi Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, responsável por consolidar os mapas da votação elaborados por deputados da base. Temer ainda almoçou com Padilha, Moreira Franco (Secretaria-Geral), o porta-voz Alexandre Parola, o secretário de Comunicação Social, Márcio Freitas, o secretário de Imprensa, Luciano Suassuna e o marqueteiro Elsinho Mouco. Na agenda oficial, o presidente recebeu 18 deputados, dos quais 13 não revelaram o voto ou haviam se declarado indecisos. Padilha disse que a rejeição da denúncia revela a “força” do governo para emplacar a agenda de reformas no Congresso ainda neste ano.
‘.