O presidente Michel Temer disse nesta quinta-feira (3) que a vitória de barrar na Câmara, quarta-feira, a denúncia contra ele por corrupção passiva deu início à "derrota" daqueles que querem afastá-lo.
A Câmara rejeitou por 263 votos contra 227, a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente. Os governistas precisavam de 172 votos para barrar o prosseguimento da acusação. Em pronunciamento depois do encerramento da sessão, Temer disse que não era "uma vitória pessoal", mas "do Estado democrático".
Na entrevista desta quinta, o peemedebista chamou a denúncia de "kafkiana" e disse que não há "provas sólidas". "Quem ouve o áudio (da conversa entre ele e o empresário Joesley Batista) não verifica nenhum compromisso meu que permitiu esse processo que ninguém sabe bem o porquê (dele) e nem porque prosseguiu", afirmou.
O conceito kafkiano a que o presidente se referiu é oriundo da obra do poeta e escritor checo Franz Kafka, que tratou de situações surreais e confusas entre a realidade e a ficção. "A ideia kafkiana como se o presidente fosse um grande corrupto e o outro fosse o santo da história", disse Temer. O peemedebista ainda destacou que a gravação, feita "por cidadão que havia confessado milhares de crimes, foi muito bem urdida e articulada".
Emendas
O presidente negou as acusações da oposição de que teria usado dinheiro de emendas para comprar votos de parlamentares para barrar a denúncia. Segundo ele, além do fato de as emendas serem impositivas, a oposição também foi beneficiada com a medida.
"É interessante, dizem que nós liberamos mais emendas para governistas do que oposicionistas. Se eu mostrar as verbas de emendas entregues à oposição você ficará espantado, muitas vezes são (emendas) maiores do que aquelas entregues aos governistas", disse o presidente na entrevista. "Na verdade as emendas foram igualmente pagas, oposição e situação."
Reformas
Temer fez uma lista de ações de seu governo, destacou a queda da inflação e dos juros e afirmou que agora, derrubada a denúncia na Câmara, se sente "fortalecido" para aprovar a reforma da Previdência. "Eu sei que muitos que votaram contra (ele na denúncia) votam a favor da Previdência."