São Paulo, 04 - A quebra do sigilo telefônico de André Gustavo Vieira da Silva, apontado pela força-tarefa da Lava Jato como operador do ex-presidente do Banco do Banco e da Petrobrás Aldemir Bendine, preso na Operação Cobra, mostrou 59 ligações ao corretor Lúcio Funaro, detido desde julho de 2016 na Operação Sépsis.
Silva foi alvo da mesma operação que prendeu Bendine, sob suspeita de intermediar repasse de R$ 3 milhões em propinas da Odebrecht ao ex-presidente da Petrobras.
Segundo as investigações, em troca de mensagens entre Silva e o ex-presidente da Petrobras é mencionado o endereço do operador onde, segundo o Ministério Público Federal, foram realizados os encontros "nos quais foram acertadas as vantagens indevidas destinadas a Aldemir Bendine".
Funaro é apontado como operador financeiro ligado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). As ligações entre os "operadores" de Cunha e Bendine ocorreram entre maio de 2014 e janeiro de 2016 - até seis meses antes da prisão de Funaro na Sépsis. Em várias ocasiões, André Gustavo e Funaro trocaram telefonemas diversas vezes em um mesmo dia.
Em 2 de janeiro de 2015, por exemplo, foram nove chamadas entre os "operadores". Somente naquele mês, quando teria ocorrido, segundo delatores da Lava Jato, reunião entre executivos da Odebrecht e o então presidente da Petrobras, 19 chamadas foram realizadas entre Funaro e André Gustavo.
Naquela reunião, segundo o juiz Sérgio Moro, "foram tratados efeitos econômicos da Operação Lava Jato sobre as empresas fornecedoras da Petrobras". No despacho em que converteu a prisão de Bendine em preventiva, Moro disse que "a aparente relação intensa de André Gustavo com Funaro é mais um elemento que coloca uma sombra sobre a natureza real de suas atividades econômicas".
Bendine nega ter recebido propina da Odebrecht. Procuradas, as defesas dos outros citados não foram localizadas pela reportagem. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Luiz Vassallo e Julia Affonso)