Brasília – Momentos de instabilidade política no Brasil levaram parlamentares a tentar reacender um modelo de governo que empodera, ainda mais, o Congresso. O parlamentarismo, sistema rejeitado pela população em plebiscitos duas vezes, entra na pauta da reforma política, até então focada em mudar apenas o processo eleitoral. Na opinião de especialistas, o modelo é funcional e até poderia ser melhor, mas mudá-lo em um momento de tanta instabilidade e descrença política seria antidemocrático e oportunista.
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Voto que vale mais do que mil palavrasCrise política vai pautar campeonato de debates na quinta-feiraAmazonas escolhe hoje novo governador; eleição suplementar tem nove candidatosMoro foi 'irretocável' sobre Lula, diz presidente do TRFCantor tecnobrega, compositor e apresentador de TV: as muitas faces do deputado tatuadoSegurança pública é prioridade na pauta de votação dos deputadosApós vitória na Câmara, Temer quer retomar viagens pelo paísA favor do sistema, o professor do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) Antônio José Barbosa diz que ele dá oportunidades diferentes. “Não se pode concentrar a responsabilidade do poder em uma só figura. O presidencialismo já demonstrou que é inadequado e gera crises profundas. No outro, é fácil de resolver, dissolve-se o Parlamento e convocam-se novas eleições.” Entretanto, Barbosa afirma que a mudança em momento de crise não é solução. “O parlamentarismo é a melhor forma de governo em condições normais. No momento que estamos vivendo, a única coisa possível é cumprir a Constituição. Qualquer caminho diferente disso agora seria golpe mesmo.
Já doutor em ciência política José Matias-Pereira ressalta que o país vive atualmente um parlamentarismo disfarçado, já que, para manter uma base de apoio, o presidente da República acaba dando grande parte do poder aos parlamentares. Na Esplanada de Temer, 19 pastas são comandadas por deputados ou senadores. E, diante dos planos do governo federal de dar andamento em reformas como a da Previdência, o presidente está cada vez mais à mercê das vontades do Legislativo. “Aqui você tem partidos se apoderando da máquina para ter recursos para campanhas ou para enriquecer. Se é para ser assim, vamos discutir mudanças mesmo, porque os políticos tem de servir à política e não se enriquecer dela. A forma como o Brasil faz o presidencialismo é o pior dos modelos. É como se a gente elegesse um imperador temporário que negocia o patrimônio do Estado sem consultar ninguém”, critica Matias-Pereira.
Consulta
Os brasileiros foram às urnas duas vezes para escolher o modelo político preferido, em 1963 e em 1993.
Parlamentares pretendem aproveitar o debate já encaminhado no Congresso sobre reforma política para incluir a discussão, mas, diante da polêmica que a matéria causa, a tendência é que as mudanças sejam pontuais e, basicamente, eleitorais. A proposta que precisa ser aprovada até outubro deste ano para valer nas eleições do ano que vem prevê a criação de um fundo público exclusivo para as despesas com campanhas eleitorais, a cláusula de barreira e o fim das coligações partidárias.
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