Baptista Chagas de Almeida
“É claro que não. Há muito o que corrigir, muito o que fazer, muito ainda o que ousar. Mas há que registrar, a seu crédito, acertos e benefícios para o país.”. “Não estamos diante de um governo imune a críticas, satisfatório em todos os setores de seu desempenho? É claro que não.”
Só que: “Não é este o momento adequado para promover, através da outorga da licença, a destituição do presidente da República. Estamos vivendo o momento crucial da restauração das condições para o desenvolvimento do país. O mais elementar dos sensos de oportunidade aponta na direção da continuidade desses esforços para a conquista de um clima de confiança no futuro imediato do país”.
As aspas já indicam que não se trata de comentário desta coluna, mas é necessário ressaltar que, no placar da votação na Câmara dos Deputados, na terça-feira da semana passada, depois do presidente da República, Michel Temer, o segundo colocado foi o relator do processo, o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), e ainda registrar que, embora fosse o maior interessado, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), conduziu a sessão com absoluta imparcialidade.
Por mais que as pesquisas coloquem o presidente Temer como recordista de impopularidade, os tucanos estão divididos. Parte da bancada de um lado do muro e outra em lado oposto. O voto de Abi-Ackel, como convém, foi jurídico, não político.
Se o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, indicado pela presidente que sofreu impeachment Dilma Rousseff (PT) preferiu fazer política, Paulo Abi-Ackel fez relatório jurídico, ainda mais que no meio do caminho teve Joesley Batista, um dos donos da JBS, que pretende conseguir o máximo de regalias em delação premiada.
Sobre a quantidade de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) indicados pelos governos petistas, assim como o próprio Rodrigo Janot, melhor deixar pra lá. Vai que decidem me prender. Dos 11 ministros, só Celso de Mello (José Sarney), Marco Aurélio de Mello (Collor) e Alexandre de Moraes (Temer) não foram indicados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou pela ex-presidente Dilma.
Policiamento
Depois de cobrar explicações sobre o pedágio na BR-040, como registrado ontem, o deputado Coronel Piccinini (foto) (PSB) voltou à sua praia no plenário da Assembleia Legislativa (ALMG). Cobrou do governo o parcelamento dos salários dos policiais. “Está passando da hora de o governo olhar esta situação, que vem causando insatisfação entre os profissionais e seus familiares. Esta classe não pode continuar abandonada.” E ainda denunciou o estado de abandono de algumas penitenciárias e queixou-se diante da falta de suporte aos agentes que nelas trabalham.
Baiano é assim
A nota sobre a disputa política na Bahia, necessário o registro pedido: o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) tinha outros motivos para ironizar a presença de dois secretários do governador da Bahia, Rui Costa, do PT, que exonerou dois secretários para votar. O principal deles é a candidatura ao governo, ano que vem, do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que Aleluia apoia, óbvio.
Multinacional
Ora, quem diria? O PSDB desceu do muro.
PingaFogo
O presidente Michel Temer (PMDB) e o prefeito João Doria (PSDB) assinam amanhã acordo que transfere parte da área do Aeroporto Campo de Marte para construir um parque municipal. E terá um museu aeroespacial. Uai, vão voar para Marte?
O ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) não esconde sua candidatura.
“Governo cria calendário de eventos para geração de emprego e renda no RJ e definiu as diretrizes para o projeto Rio de Janeiro a Janeiro, que consiste na promoção de um calendário de eventos culturais, esportivos e corporativos...”
Uai, já que não ofende e é de janeiro a janeiro, com um trocadilho besta como este, o calendário de geração de empresas é só para o Rio? A Presidência da República agora virou Presidência de estado?
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