Brasília – O que move todo político é a luta pela sobrevivência e a reeleição para mais um mandato. Após enterrar a denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva, na quarta-feira, os deputados começam a preparar uma agenda legislativa voltada para as próprias bases políticas. A pouco mais de um ano da campanha eleitoral, desgastados perante a opinião pública, pressionados por uma renovação que deve passar dos 50% e sem dinheiro privado para financiar campanhas, os congressistas precisam mostrar serviço diante dos próprios eleitores.
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Por enquanto, o objetivo primeiro é o governo do Rio de Janeiro. Por isso, Maia está dando uma atenção especial às pautas de segurança pública e já pediu, inclusive, a representantes do setor sugestões sobre o que deve ser votado neste segundo semestre. “A violência é a preocupação número um dos brasileiros.
Na pauta escolhida pela bancada da bala, apenas uma matéria está no Senado: a redução da maioridade penal para 16 anos. Todos os demais projetos — Lei do Armamento, mudança do Código de Execuções Penais e unificação das polícias — precisam ser analisados pelos deputados. “Não queremos repetir no Brasil o que acontece no Rio”, resumiu o deputado Laerte Bessa (PR-DF). “No campo das execuções penais, por exemplo, temos de rever a audiência de custódia. Não dá para a polícia prender um criminoso com uma metralhadora .50 e um juiz soltar alegando que não tem vagas no presídio”, completou o deputado brasiliense.
Ruralistas
Outros projetos que podem entrar na pauta para serem analisados ao longo dos próximos meses são a regulamentação do lobby, a abertura para investimentos do capital estrangeiro nas companhias aéreas e propostas legislativas que facilitem as regras de adoção. Os parlamentares também precisarão definir, com urgência, as novas regras que valerão nas eleições de 2018.
O consenso caminha para o fim das coligações proporcionais, o estabelecimento de uma cláusula de barreira para evitar a proliferação de legendas nanicas e o chamado distritão, segundo o qual os deputados mais votados no estado são eleitos. “Isso é bom para os presidentes de partido, mas não sei se é uma boa para a população. Pode haver um acerto de legendas para definir os puxadores de votos e impedir a renovação de candidatos”, disse um dirigente partidário.
Os ruralistas, que apoiaram maciçamente o Planalto na votação da denúncia de quarta-feira, têm pouco a reclamar. “Nossa pauta avançou bastante, mas sempre temos demandas, como regras mais rígidas para importação de alimentos e para a venda de terras para estrangeiros”, disse o deputado Jeronimo Goergen (PP-RS).
SEGURANÇA PÚBLICA
» Aprovação da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Está em apreciação no Senado
» Mudança na Lei de Execuções Penais, como o fim das audiências de custódia. Está em tramitação na Câmara
» Unificação das polícias: há uma série de projetos, na Câmara, propondo a junção das polícias Militar e Civil
» Lei do Armamento: estipula novas regras para que cidadãos comuns possam ter direito ao porte de arma
Reforma política
» Fim das coligações proporcionais. Acaba com as alianças entre os partidos nas eleições para deputado federal
» Cláusula de barreira. Estabelece um quociente mínimo de votos que os partidos têm de atingir para ter representatividade no Congresso
» Aprovação do distritão.
AGRONEGÓCIO
» Barreiras fitossanitárias. Análise química rigorosa de produtos agrícolas importados e que, muitas vezes, são produzidos com defensivos agrícolas mais baratos
» Tipificação criminal. Transforma em crime hediondo o roubo ou furto de defensivos agrícolas
OUTRAS PROPOSTAS
» Regulamentação do lobby. Define regras de atuação para os profissionais que defendem interesses empresariais e corporativos no Parlamento
» Projetos para facilitar a adoção de crianças. Vários textos semelhantes tramitam na Câmara com o intuito de dar mais segurança aos adotados, aos adotantes e aos juízes que proferem as decisões
» Capital estrangeiro nas companhias aéreas. Projeto que autoriza o financiamento em até 100%, por capital estrangeiro, das companhias aéreas nacionais.