São Paulo, 11 - Se o prefeito de São Paulo, João Doria, quer ser visto como o anti-Lula, o governador Geraldo Alckmin parece querer se cacifar como o anti-Doria dentro do PSDB, pelo menos no que diz respeito à retórica política.
Na contramão do discurso repisado pelo prefeito, Alckmin afirmou, em entrevista à Rádio Gaúcha, que buscará uma conciliação política no País. O aceno de Alckmin é, sobretudo, para a parcela do eleitorado cansada da polarização, o chamado "Fla x Flu ideológico", e para setores do empresariado cansados dos sobressaltos provocados pela política nos últimos anos.
Um importante banqueiro afirmou ao jornal
O Estado de S. Paulo
que nomes fortes do setor financeiro e do empresariado avaliam apoiar no ano que vem um candidato com larga experiência administrativa na esfera pública. Alckmin está no quarto mandato como governador, enquanto Doria completou seu sétimo mês à frente da capital paulista.
Apesar de ter dito na segunda-feira passada, em Salvador, que também trabalhará pela união nacional, Doria tem se cacifado eleitoralmente como um contraponto intransigente ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por mais de uma vez, ele já se recusou a debater com petistas e valeu-se de expressões como "vai procurar sua turma lá em Curitiba (sede da Lava Jato)" para se referir a eles.
Na entrevista, Alckmin foi questionado sobre o ovo atirado por manifestantes em Salvador contra Doria. O governador defendeu o prefeito, mas aproveitou para marcar posição: "Agredir pessoas é próprio de quem não tem argumento e parte para a violência. Esse não é o bom caminho. Aliás, eu vou trabalhar muito para unir o Brasil, porque uma casa dividida nem sempre dá bons resultados.
Para analistas, a estratégia de Doria de polarização com Lula e o PT tem inspiração na campanha de Donald Trump nos EUA e seria suficiente para levar o tucano ao segundo turno, mas enfrentará resistência no empresariado e no segundo turno.
Para o governador, o PSDB precisa definir quem será o candidato a presidente da República ainda este ano. "Não precisa ser agora, mas também não pode ser improvisado de última hora. O Brasil é um país continental, precisa ter boas propostas, ouvir, debater. O prazo tem de ser dezembro", afirmou Alckmin. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Alberto Bombig).