Simulações que consideram as votações para deputados federais nas eleições de 2014, dão um fôlego para o “distritão”, em discussão na reforma política em tramitação no Congresso Nacional. Uma análise rápida indicaria que aplicado o novo sistema proposto sobre os resultados das últimas eleições gerais, apenas cerca de 10% dos parlamentares eleitos não teriam sucesso.
Da bancada mineira, apenas cinco dos 53 deputados que conquistaram cadeiras ficariam de fora caso o critério fosse apenas o do mais votado. Na disputa à Assembleia Legislativa, a simulação sugere que nove dos eleitos nas últimas eleições gerais não teriam sucesso; e no pleito do ano passado para a Câmara Municipal de Belo Horizonte, 13 dos atuais 41 vereadores ficariam de fora.
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Problema algum se o aumento da concorrência chegasse para melhorar a qualidade da representação. Mas isso não ocorrerá, sustenta Jairo Nicolau. A começar pelo fato de que, no distritão, cada candidato concorre de forma independente: se eleito, a sua representação não estará vinculada, como ocorre no atual sistema proporcional, aos votos obtidos pelo partido político e demais candidatos da legenda ou coligação com o qual, em tese, compartilha certos valores e ideologias.
“O sistema proporcional em vigor no Brasil tem uma diferença fundamental em relação ao distritão: os votos dos candidatos de um mesmo partido ou coligação são somados antes que as cadeiras sejam distribuídas”, explica Jairo Nicolau.
Para conquistar uma cadeira, o conjunto de candidatos que concorre por um partido precisa alcançar o quociente eleitoral.
DESPERDÍCIO No sistema eleitoral distritão, entretanto, estarão desperdiçados todos os votos conferidos aos candidatos não eleitos, o que deixa a representação restrita àquela pequena base que votou nele.
Para ter uma ideia do que isso representa, nas eleições de 2014 caso vigorasse o distritão, teriam sido jogados fora os votos de 3.565.828, que representam 35% dos 10.135.045 de votos válidos para deputado federal, conferidos a candidatos que não se elegeram.
Na disputa para deputado estadual, a proporção de votos desperdiçados seria ainda maior: 5.089.145 , que representam 49% dos 10.404.855 votos válidos. Considerando as eleições do ano passado para a Câmara de Belo Horizonte, o desperdício alcançaria sob o distritão 74% dos votos válidos..