Ontem não era feriado, mas o clima nas poucas instituições públicas que funcionaram era de folga, com corredores vazios, silenciosos e um público bem reduzido. Acostumados a emendar todos os feriados, o Poder Judiciário trabalhou ontem – feriado assunção de Nossa Senhora, em Belo Horizonte – já que desde junho vigora uma norma que determina o funcionamento da Justiça em dias de ponto facultativo do Executivo estadual e municipal, mas com atendimento bem tímido. Com essa norma, ficou proibida a emenda de feriados que caem na terça-feira ou na quinta, mas na prática isso vale apenas para os servidores, já que em muitas varas audiências foram canceladas e remarcadas para outras datas, segundo informações de servidores da Justiça que não quiseram se identificar.
Além da pressão da opinião pública, a justificativa da Justiça para pôr fim aos feriados prolongados era a “alta taxa de represamento de processos e do número crescente de demandas judiciais” no estado, o que exige “pronta atuação de magistrados e servidores”. No entanto, na prática, só quem trabalha são os servidores. O assunto motivou até uma nota do Sindicato dos Servidores de Justiça de Primeira Instância de Minas Gerais (Serjusmig) questionando a decisão. De acordo com o sindicato, desde que a norma entrou em vigor “uma suspeita passou a pairar no ar. Essa norma valeria para todos, ou acabaria se impondo, na prática, somente para os servidores?”.
Em junho, no feriado de Corpus Christi, uma quinta-feira, um terço dos magistrados – segundo apurou o Estado de Minas – não compareceu às suas varas na sexta-feira, emendando com o sábado. “Nos feriados acontecidos até aqui que caíram em dias favoráveis às emendas, o que ficou claro é que muitos gabinetes de magistrados ficaram vazios, enquanto, ao lado, as secretarias funcionavam normalmente.
Na Assembleia Legislativa, que pela primeira vez não emendou um feriado, não foi diferente. Só funcionários (e poucos) perambulando pelos corredores vazios do Legislativo esperando a hora passar para ir embora. Nenhuma atividade oficial aconteceu ontem no Parlamento. Na agenda foi registrada apenas um evento: a montagem de um acampamento por moradores de áreas inundadas e/ou desapropriadas para a construção de barragens. Eles protestaram contra o leilão das usinas de Jaguara, Miranda, São Simão e Volta Grande, previsto para setembro, pertencentes à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). A ausência expressiva dos deputados e a não realização de nenhuma atividade legislativa também revoltou servidores do Legislativo.
Já o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) fechou mesmo as portas. Dono de uma média salarial de cerca de R$ 6 mil para nível superior e R$ 3,8 mil para cargos de ensino médio, o tribunal, que desde 2011 registrou um aumento de 93,36% em sua folha salarial, só retoma suas atividades amanhã.
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