A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve, por unanimidade, decisão da primeira instância que condenou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) a pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais à também deputada Maria do Rosário (PT-RS).
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Bolsonaro vira réu em ação no STF por dizer que Maria do Rosário 'não merece ser estuprada'Bolsonaro é condenado a indenizar a deputada Maria do Rosário por danos moraisMaria do Rosário protocola no STF queixa-crime contra BolsonaroMinistras repudiam Bolsonaro por ofensa a Maria do RosárioMaria do Rosário diz que não aceitará palavras que Bolsonaro 'usava na tortura'Maria do Rosário depõe no STF contra Bolsonaro e o chama de 'líder do ódio'Maioria é contra anistiar Bolsonaro por 'incitação ao estupro', diz enquete do SenadoEm seu voto, a relatora da matéria, ministra Nancy Aldrighi, considerou que "a ofensa perpetrada pelo recorrente toca em uma questão nevrálgica, de extrema sensibilidade para a sociedade brasileira, que é a violência contra a mulher". Disse ainda que a mensagem de Bolsonaro "encontrou grande reverberação em seu público, o que tem a nefasta consequência de reforçar a concepção bárbara de que, nos crimes sexuais, a vítima concorre para a ocorrência do delito. Ao afirmar que a recorrida não ‘mereceria’ ser estuprada, atribui-se ao crime a qualidade de prêmio, de benefício à vítima, em total arrepio do que prevê o ordenamento jurídico em vigor".
Para a ministra, o termo ‘não merece ser estuprada’ "constitui uma expressão vil que menospreza de modo atroz a dignidade de qualquer mulher. Como se não bastasse, faz entender que uma violência brutal pode ser considerada uma benesse, algo bom para ocorrer na vida de uma mulher. A ofensa à dignidade da recorrida, assim, é óbvia e patente, e traz embutida em si a clara intenção de reduzir e prejudicar a concepção que qualquer mulher tem de si própria e perante a sociedade".
O deputado foi condenado ainda a publicar uma retratação em jornal de grande circulação e em suas páginas nas redes sociais. Ele ainda não cumpriu nenhuma das determinações da Justiça, agora reiteradas pelo STJ.
A defesa de Bolsonaro argumenta que ele goza de imunidade constitucional, não podendo ser alvo de ações do tipo ou de condenações por palavras que tenha proferido enquanto deputado. Entretanto, a Justiça entendeu até o momento que as declarações dele foram feitas fora do contexto da atividade parlamentar.
Bolsonaro ainda pode recorrer contra a decisão ao Supremo Tribunal Federal (STF).