Brasília, 16 - A Polícia Federal concluiu que não há provas da prática de corrupção passiva pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Em relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, a delegada Graziela Machado da Costa aponta que não foram colhidos elementos suficientes em um dos inquéritos abertos a pedido da Procuradoria-Geral da República com base nas investigações da Lava Jato. A investigação teve como base a delação do operador Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.
"Sendo assim, muito embora pudesse ser moral e eticamente questionável o lobby praticado por um senador da república para a contratação de uma empresa por uma estatal, e até mesmo classificável como crime de advocacia administrativa, já prescrito pela pena em perspectiva, não foram colhidos elementos suficientes no sentido de que a atuação do senador foi precedida ou sucedida da solicitação de vantagens indevidas, configurando o crime de corrupção passiva", escreveu a delegada.
Raupp é investigado, neste inquérito, de atuar em favor de uma empreiteira. O relatório da PF foi encaminhado ao relator da Lava Jato no STF, ministro Luiz Edson Fachin, que deve encaminhar o material à PGR.
Em delação premiada, Fernando Baiano falou sobre a interferência de Raupp em 2009 para a contratação da construtora Brasília Guaíba pela Petrobras por meio de acesso ao ex-diretor Paulo Roberto Costa. Em troca, segundo o delator, ele teria contado doações para a campanha eleitoral.
A delegada aponta no relatório que a empresa acabou não sendo contratada pela Petrobras e que não foi identificada nenhuma doação oficial em favor do senador neste caso.
A delegada apontou que uma possível solicitação de vantagem indevida não foi presenciada por Fernando Baiano e que o "conjunto probatório é insuficiente".
Raupp é alvo de outras investigações no âmbito da Lava Jato, inclusive um inquérito aberto com base nas delações da Odebrecht.
Procurada pela reportagem, a assessoria do senador Valdir Raupp afirmou "que sempre confia na Justiça e que recebe com respeito o relatório da PF".
(Beatriz Bulla e Rafael Moraes Moura).