O PSDB vai demorar a fechar a cicatriz aberta pela propaganda partidária veiculada na noite de quinta-feira.
A divisão entre o grupo liderado pelo presidente do partido, senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE), e os integrantes da ala que defendem a permanência no governo se acentuou na sexta-feira (18), um dia após a veiculação da peça política.
Leia Mais
Lideranças do PMDB e do Centrão cobram que PSDB entregue ministériosPolêmica e a discussão são necessárias, diz Tasso, sobre programa do PSDBMinistros do PSDB minimizam mal-estar com TemerMarqueteiro de Temer critica programa do PSDB“Não me arrependo de nada e assumo total responsabilidade pelo programa. Enquanto eu for presidente do PSDB, a orientação será a minha”, resumiu o senador tucano.
A crise, portanto, está aberta. “Temo que esse processo leve a uma cisão interna ainda maior.
“Isso só nos afasta dos planos de voltar ao Planalto no ano que vem”, prosseguiu ele. Para um tucano alinhado ao Planalto, é cedo para avaliar quem ganha mais com a crise do PSDB: se a direita emergente, centrada no DEM, ou PT, eterno rival dos tucanos nas corridas presidenciais.
A aliados próximos, Aécio tem reclamado sobre o que considera deslealdade de Tasso. Quando foi alvejado pela Lava-Jato, Aécio abriu mão da presidência do partido e deixou Tasso como presidente interino. Após a crise abrandar, tentou voltar ao comando partidário, mas alega que o senador cearense lhe fechou as portas. Mas a tendência é que Tasso permaneça no posto até dezembro, quando uma convenção escolherá o novo presidente do PSDB.
Temer não ficou nem um pouco satisfeito com a propaganda tucana. A peça publicitária critica o apoio ao governo, compra briga com senadores e deputados ao indicar que a adesão é fisiológica e retoma o debate em torno do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, assunto que o peemedebista queria ver sepultado.
Vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PB) discorda, afirmando que “o fato de a propaganda ter virado assunto mostra que a linha adotada está correta”. E rebateu as críticas feitas ao centralismo de Tasso na escolha do discurso político e das críticas ao governo.
“A expressão ‘cooptação’ foi uma sugestão do próprio FHC. Ia ser coalizão e ele sugeriu cooptação”, afirmou o senador. Para o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), o partido poderia ter optado por outro caminho. “Ao falar do impeachment, por exemplo, poderíamos ter destacado que, sem o empenho das lideranças do PSDB, não teríamos concluído o ciclo do PT no poder”, lembrou Bauer.
DISTANCIAMENTO
Um parlamentar tucano critica o fato de o petista Lindberg Farias (RJ) ter virado garoto propaganda, aparecendo em diversas imagens ao longo da peça publicitária. “Imagina o cenário.
A divisão reforça, em grau máximo, o distanciamento entre Tasso e Aécio. E o Planalto estimula essa cizânia. Temer e o núcleo palaciano adoraram a escolha do mineiro Paulo Abi-Ackel para relatar a denúncia por corrupção passiva contra o presidente.
Peemedebistas enfurecidos
Depois do programa de quinta-feira, lideranças do PMDB e do Centrão, grupo do qual fazem parte PP, PSD, PR e PRB, subiram o tom e passaram a cobrar publicamente que o PSDB entregue os quatro ministérios no governo: Cidades, Secretaria de Governo, Relações Exteriores e Direitos Humanos.
“Se eles estão achando que o governo é tão ruim, peçam para sair, senão vira aquela história do discurso apenas”, afirmou o deputado Lúcio Vieira Lima (BA), um dos vice-líderes do PMDB na Câmara. Para o parlamentar baiano, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), deveria, no mínimo, emitir nota dizendo que os quatro ministros do partido não representam a sigla e que, a partir daquele momento, serão da cota pessoal do presidente.
O deputado João Arruda (PMDB-PR) também cobrou do presidente Michel Temer “punição” ao PSDB. Para o peemedebista paranaense, é uma “falta de coerência absurda” de Temer concordar com a punição aos seis deputados do PMDB que votaram a favor da denúncia por corrupção passiva contra ele na Câmara e não punir os tucanos, que o criticam. “Não tem sentido agir com rigor em relação aos colegas e passar a mão na cabeça de quem ocupa espaço enorme e ainda critica o modelo de gestão”, disse.
Enquanto isso...
...Doria chama Lula de ‘covarde’ e ‘corrupto’
O prefeito João Doria xingou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “sem-vergonha”, “corrupto”, “covarde” e “preguiçoso”, ontem, durante almoço com empresários em Fortaleza. “Eu não queria. Tinha prometido a mim mesmo que não faria, mas vou mandar um recadinho para o ex-presidente Lula: você, além de sem-vergonha, preguiçoso, corrupto e covarde, declarou que o João Doria não deveria viajar, mas administrar a cidade de São Paulo.
.