Belo Horizonte - O ex-governador de Minas e ex-presidente nacional do PSDB Eduardo Azeredo disse nessa quarta-feira, 23, que não trabalha com a hipótese de prescrição dos crimes de lavagem de dinheiro e peculato, pelos quais foi condenado. A 5.ª Câmara do Tribunal de Justiça de Minas confirmou na madrugada dessa quarta a condenação na primeira instância pelo esquema conhecido como mensalão mineiro.
A pena foi reduzida em nove meses - para 20 anos e um mês de prisão. O tucano, que vai recorrer em liberdade, completará 70 anos em 9 de setembro de 2018. O Código Penal estabelece que, nessa idade, o prazo de prescrição caia pela metade. Ocorrências por peculato e lavagem de dinheiro prescrevem quando se atingem 16 anos entre o crime e o recebimento da denúncia.
Como o sr. recebeu a decisão do TJ-MG?
Foi uma decepção muito grande. O relator realmente entendeu, leu o material, você verifica que ele leu. Agora, esse é que é um problema da Justiça hoje, assessores é que preparam muitas coisas. Então é uma coisa difícil, né? Vamos aguardar mais um pouco, né?
O fato de fazer 70 anos vai lhe ajudar nesse processo?
Eu nunca trabalhei com essa hipótese. Se eu tivesse feito isso eu tinha atrasado em algum momento. Eu nunca atrasei nada. Eu nunca procurei a prescrição. Eu nunca atrasei nada. A minha saída de Brasília foi indignação com o senhor Rodrigo Janot (procurador-geral da República), que hoje as pessoas estão vendo quem é. Por isso que eu renunciei ao mandato. Eu abri mão do tal famoso foro privilegiado. É engraçado, as pessoas criticam o foro privilegiado e na hora que alguém abre mão do foro privilegiado dizem que é para poder ganhar tempo, né? Naquela época o motivo real foi esse mesmo, foi a minha indignação com a posição do Rodrigo Janot, que na ausência de provas usou documento falso para me atacar.
Teme ser preso com base na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à segunda instância?
Eu ainda posso recorrer dentro da própria Justiça mineira. E esse parecer do relator é muito forte. É um parecer que não pode ser desprezado.
Como o sr. vê o momento turbulento pelo qual passa o PSDB?
Tenho me dedicado à minha defesa desde que saí de Brasília. Ao mesmo tempo estou trabalhando na Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais). Então, eu não tenho acompanhado muito essa discussão, não. Mas realmente o sistema partidário está numa profunda crise. Todo mundo reconhece que existem partidos demais, partidos de aluguel (...) Eu não tenho dúvida de que a origem está aí, as campanhas ficam mais caras.