Campos do Jordão, 26 - A postura do ministro Gilmar Mendes, ao soltar réus da Lava Jato, contraria o espírito da Operação, que é de colocar todos os indivíduos debaixo da lei, segundo o procurador da República e membro da força-tarefa Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná, Deltan Dallagnol. As manifestações recorrentes e enfáticas de Gilmar Mendes não correspondem às determinações da lei que rege a magistratura, disse, em coletiva de imprensa em evento realizado pela B3 na cidade de Campos do Jordão (SP).
As manifestações também vão contra as regras que regem a suspeição do código penal e civil e coloca em dúvida a credibilidade da Justiça, disse o procurador. Suspeição é aquela circunstância em que juízes, por exemplo, possuem algum parentesco, afinidade ou interesse em determinado processo, o que o impede de exercer suas funções.
Há pouco mais de uma semana, a força-tarefa da Lava Jato no Rio solicitou ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que ingresse com um pedido para declarar o impedimento do ministro Gilmar Mendes e listou as relações do ministro com os empresários do setor de transportes Jacob Barata Filho e Lélis Marcos Teixeira, presos pela operação e posteriormente soltos por Mendes.
Deltan Dallagnol disse ainda que a Operação Lava Jato precisa mais do que palavras do ministro da Justiça, Torquato Jardim, mas de atos que confirmem suas intenções. A Lava Jato precisa de apoio concreto por meio de atitudes, disse.
(Fernanda Guimarães).