Brasília - A Câmara dos Deputados tenta retomar nesta terça-feira a votação da reforma política, travada por falta de acordo sobre as duas principais modificações nas regras eleitorais em debate: a adoção do "distritão" como sistema de votação para o Legislativo e a criação de um fundo abastecido com verbas públicas para custear as campanhas. Diante disso, os deputados estudam levar antes ao plenário temas já votados no Senado e sobre os quais há mais entendimento, a extinção das coligações e o estabelecimento de uma cláusula de barreira para acesso ao Fundo Partidário e à propaganda no rádio e na TV.
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Não podemos fazer reforma política corporativa, diz EunícioVotação sobre reforma política será fatiada Câmara retira fixação de mandato para ministros do STF da reforma políticaManifestantes invadem comissão da reforma política e suspendem sessãoReforma política segue sem acordo e atrasa início da sessão na CâmaraSem consenso, votação da reforma política é adiada na CâmaraMaia planeja que o plenário avalie na terça-feira o sistema de votação e o fundo eleitoral, segundo o deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da proposta de emenda constitucional (PEC) 77/2003, que introduz esses temas. Na semana passada, o presidente interrompeu a votação pela terceira vez depois de retirar a previsão de que o fundo seria custeado com R$ 3,6 bilhões do Tesouro, equivalentes a 0,5% da receita corrente líquida.
O governo envia nesta semana a Lei Orçamentária Anual (LOA) ao Congresso, e também deve ser retomada a discussão sobre a origem do dinheiro para custear o fundo eleitoral. Como os ministros do Supremo Tribunal Federal sinalizaram que se mantêm contra as doações empresariais, os parlamentares terão de estabelecer se vão abrir mão do horário eleitoral e propaganda partidária, emendas coletivas ou se vão remanejar recursos ao Fundo Partidário para reforçar o caixa já existente.
Liderada por Maia e com apoio de Cândido, a ala governista vai tentar mais uma cartada para mudar o sistema eleitoral. Como não atingiram os 308 votos necessários para adotar o "distritão" (modelo majoritário puro pelo qual só os mais votados de cada Estado se elegem, desprezando os votos de legenda), eles querem agora emplacar uma nova adaptação, o "distritão misto".
Cândido admite, porém, que a PEC 282/2016, relatada pela deputada Shéridan (PSDB-RR), passe à frente. O substitutivo da tucana foi aprovado na semana passada na comissão especial correspondente. Ela antecipou o fim das coligações para 2018, o que gerou insatisfações na oposição.
Há uma articulação, porém, para que um destaque de plenário retome a previsão de vigência do fim das coligações para 2020, como havia sido aprovado pelo Senado. "A tendência é que seja restabelecido o texto original", disse o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). "Há um acordo para recuperar no plenário e manter as coligações em 2018", afirmou o líder do PR, José Rocha (BA).
Os parlamentares correm contra o tempo.