Jornal Estado de Minas

Partido de negros e favelados pede registro no TSE

O primeiro partido do país com o objetivo de representar os 112 milhões de negros e pardos brasileiros moradores de favelas entra com pedido de registro na quarta-feira no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com 27 diretórios estaduais .

Batizada de Frente Favela Brasil (FFB), a nova legenda vai ser presidida pela mineira do Morro do Papagaio, uma das maiores favelas da capital mineira, Patrícia Alencar, 37 anos, gestora cultural.

Ela vai dividir o comando da nova legenda com Wanderson Maia, 28 anos. É que pelo estatuto do novo partido, todos os espaços de direção são sempre ocupados por uma mulher e um homem.

Para poder participar das eleições de 2018, o partido ainda precisa coletar 484 mil assinaturas.

Uma campanha para conseguir esse apoio vai ser lançada no próximo dia 18 e, segundo Patrícia, a intenção é alcançar esse número até outubro. Amanhã será feito um ato simbólico na frente do TSE para marcar o pedido de registro oficial do partido.

O Brasil tem hoje 35 partidos oficialmente registrados e 67 pedidos em andamento para o registro de novas legendas.



Patrícia conta que a ideia é já disputar o pleito de 2018 com candidatos à deputado, governador e senador. “Desde o processo de escravização até hoje somos maioria no Brasil, mas não estamos representados nos espaços de poder e decisão. Não se vê negros e favelados nesses espaços”, afirma. Segundo ela, apesar de ser um partido de negros e favelados, a legenda não restringe a participação dos brancos.

“Mas nas eleições do ano que vem só lançaremos candidatos negros e da favela. Queremos assumir esse lugar que nunca foi cedido para a gente”, afirma Patrícia, casada com o presidente nacional da Central Única das Favelas (Cufa), Francislei Henrique.

Também presidente da legenda, Wanderson disse que a Frente Favela não é um partido feito só por negros e favelados, é sim por “todas as pessoas que almejam um país com igualdade de oportunidades para todos os brasileiros”.
“Não nasci em favela, mas como negro, homoafetivo e criado em subúrbio conheço de perto o preconceito. Nossa pauta não pode ser somente a reparação, temos outros desafios que são a formação imediata dos nossos pares, e sobre tudo a conscientização dos negros bem-sucedidos de que esse movimento é de unificação”, explicou Wanderson.

O número do partido ainda não foi definido pela Justiça Eleitoral, mas deve ser comunicado logo após o protocolo do pedido de registro. O símbolo do partido se parece com uma peça de xadrez, mas é de um jogo africano – com uma coroa que representa as maiores lideranças da resistência do povo negro, Zumbi dos Palmares e Dandara dos Palmares. .